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domingo, 30 de agosto de 2015

Agosto Seu Desgraçado


Um domingo clássico de fim de inverno na Capital Gaúcha. Daqueles de sentar ao sol e comer bergamota até rachar os beiços. Gaúchos no Harmonia, ou na Expointer, gente chimarreando pelos parques, tricolores no Humaitá e Colorados nos botecos desde às 11h conferindo a rodada para os 2 times que enchem de paixão os corações da gauderiada. Flores florindo, borboletas polinizando ao vento, quero-queros se querendo, aninhando e cantando longe do ninho. Enfim; um momento abençoado, de pausa e lazer com 27º e muito sol.

    Num domingo assim, agosto se despede deixando pra trás as enchentes e os riscos de ser um mês de cachorro louco. Em seu último fim de semana, só pra não deixar assim baratinho, traz uma notícia complicada e leva consigo um sorriso importante, uma alma generosa, alguém do meu bem querer e de tantos gaúchos. Daqui pra frente, não mais o sorriso de olhinhos puxados de Mary Mezzari, chegando sempre com uma piada nova e um bom motivo pra se dar risada. Não mais sua beligerância em favor de todos os que precisavam de uma voz em defesa. E que voz..! Essa o Rio Grande aprendeu a conhecer e a adorar como poucas. Não mais seu texto cheio de possibilidades e correção. Não mais suas conexões improváveis, fosse com a maior banda de rock do planeta, fosse com o maior galã de Hollywood, fosse com o Eterno Capitão, fosse com quem fosse.

    Quando entrei na faculdade de jornalismo, lá estava ela usando o diretório acadêmico como tribuna. Quando consegui meu primeiro emprego em rádio, lá estava ela comandando uma greve, já que o patrão considerava desnecessário honrar os salários da equipe. Em outras emissoras e redações onde trabalhamos juntos, aquela entidade do jornalismo do Rio Grande sempre flanou com seu bom humor e defesa intransigente das condições de trabalho. Mas nada que resistisse a uma Coca-Cola.

    Jamais vi outra pessoa ficar tão feliz com um refri, quanto Mary. Lembro de um texto dela em que dizia ter saído da mamadeira direto para o canudo da Coca-Cola. Ela até bebia socialmente, mas o que a fazia realmente feliz era aquele estouro do abrir da lata e a borbulhante sensação do copo enchendo. Pra acompanhar uma boa comida. Chegamos a ter um programa de gastronomia juntos -eu ela e o Bola 7- onde fazíamos basicamente isso: comíamos, bebíamos e falávamos sobre isso. Era muito alegre, muito divertido e sobretudo, muito saboroso. Como muito saboroso foi o convívio com ela.

    Aprendi no decorrer da vida, que é inútil se abater pela tristeza com as perdas de pessoas queridas. O mais importante é o que ficou de lembranças agradáveis, das coisas boas vividas em conjunto das emoções compartilhadas. Mary Mezzari era pura emoção. Um coração que bateu assim, de forma tão intensa e extremada, acabou parando cedo demais. Deixando os gaúchos um tanto órfãos daquela voz que fez história na Ipanema FM e os amigos apartados daquele sorriso doce. Resta uma bergamota ao sol, com um gosto ligeiramente amargo que puxa para o chimas, nesta saideira de agosto, onde eu conseguira vir até agora sem rimar com desgosto.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mais do Mesmo

    Desde o fim dos governos militares e a consequente democratização do regime brasileiro, assistimos a um número inacreditável de políticas dirigidas à desconstrução de imagens e ao assassinato de reputações. O caso mais clássico foi o "FORA FHC: FORA FMI". Só quem não viveu os anos 90 não lembra desta frase, pichada em muros de todo território nacional e palavra de ordem em 10 entre 10 manifestações públicas. Pois bem; quem patrocinou esta cultura terminou por chegar ao poder e, como primeira medida de governo, correu ao FMI para pagar o que se devia, justo eles que sempre pregaram a ruptura. Além de apregoarem o "FORA FHC", tentaram com todas suas forças o impeachment de Itamar Franco e até antes, conseguindo o de Collor. Agora dizem que impeachment é golpe. Uma demonstração nítida de que falam uma coisa e praticam outra. Quem quiser que acredite.

    Ontem o Brasil assistiu, durante o almoço, um ex-Presidente da República, justamente aquele que sofreu impeachment mesmo após ter renunciado, usar da mesma prática. O atual senador Fernando Collor, usar da mesma prática na tentativa de assassinar a reputação de seu algoz, o Procurador da República Rodrigo Janot, que foi sabatinado pelo Senado visando sua recondução a mais um período no comando da Procuradoria Geral da República. Na tentativa de instaurar a cizânia entre seus pares, o senador das Alagoas usou farta documentação para macular a imagem de Janot tentando fazer dele alguém com práticas semelhantes às que abreviaram o mandato presidencial. Em suma: acusou o Procurador daquilo que todos sabemos ser o ex-Presidente, um salafrário. Não colou e Janot foi reconduzido à PGR.

    Neste mesmo momento, as redes sociais são infestadas por "denúncias" que desabonam e tentam arrastar para o mesmo valhacouto enlameado onde Collor tentou colocar Janot, o atual Presidente do Congresso, deputado Eduardo Cunha. Pelo único e simples motivo que este colocou-se em rota de colisão com a quadrilha que ocupa o Palácio do Planalto e governa o país. Cunha é um político de reputação ilibada e caracter sem jaça? Tanto quanto Janot, é provável que não, assim como praticamente todo os que ocupam cargos políticos em nosso país. Agora, mesmo desconfiando da idoneidade do Procurador da República, alguém que não esteja entre os perseguidos por ele é capaz de lutar para que o Ministério Público abandone as investigações abertas? Uma delas é contra o Presidente da Câmara e tem claro viés persecutório, mas o Brasil precisa saber se Cunha é, ou não culpado pelo pretenso crime que surgiu do nada via uma "delação premiada", destas que até a Presidenta acusa ser tão eivada de crédito quanto uma confissão arrancada sob tortura. Assim sendo, não se assustem com o espetáculo pirotécnico que será protagonizado pelos soldadinhos virtuais da quadrilha que governa o país, na tentativa de enxovalhar a reputação de Eduardo Cunha pelo próximos dias. É mais do mesmo, que já estamos fartos de ver. É o bandido acusando de vilão a outrem, de fazer aquilo que ele próprio faz.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Tédio Num Momento Destes?

    Sinara Polycarpo Figueiredo era superintendente de investimentos do banco Santander. Num belo dia de julho de 2014, atendendo o compromisso de sua função com quem lhe paga salário, os investidores do banco, emitiu um relatório alertando a todos que a situação econômica estava grave e que pioraria com a reeleição de Dilma Rousseff. Passado pouco mais de um ano do feito, que culminou com a cabeça da economista servida em uma bandeja pelo banco, depois que o Sinhozinho de Garanhuns gritou aos 4 ventos: “Essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e de governo Dilma. Manter uma mulher dessa num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”, Dilma vem a público e diz: "Fico pensando o que é que podia ser que eu errei. Em ter demorado tanto para perceber que a situação podia ser mais grave do que imaginávamos. E, portanto, talvez, nós tivéssemos de ter começado a fazer uma inflexão antes".

    Isso quer dizer que Sinara tinha razão? Se a economista do banco tinha razão quando emitiu o relatório negativo a respeito da situação brasileira, como então foi demitida? Se a Presidenta reconhece que estava enganada, como então a analista de mercado não é reconduzida ao cargo, ou mesmo chamada para o cambaleante Ministério da Fazenda, já que este é comandado pela banca? 

    Dúvidas que assolam, mas neste país em que estamos vivendo, existe alguma coisa que não desassossega? "Ó têmpora ó mores"! No momento em que assistimos a um ex-Presidente falcatrua que foi sacado do poder pelo movimento das ruas, que pressionou o Congresso a votar seu "impeachment", vir a público ofender e acusar o Procurador Geral da República, daquela sua forma alucinada de quem virou noite sob o efeito de supositórios suspeitos. O Procurador respondeu e o Senador demonstrou raivinha e segue tudo como dantes, já que ambos pertencem ao mesmo governo e dali retiram suas receitas escusas.

    Ao menos, para quem almoçou hoje nos restaurantes espalhados pelas cidades brasileiras, apareceu uma atração diferente nos televisores instalados naqueles locais. Afinal, a vida do brasileiro precisa ter sempre uma novidade. Até a Dilma conseguiu encontrar uma novidade; a de que o país o qual governa está sim em crise, vejam só. Então por quê não enrolar a hora de comer a ambrosia pra assistir um ex-Presidente deposto alucinado destilar seu ódio em rede nacional? Decididamente, o brasileiro de tédio não morre.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Chega de Estado Absoluto

    Um poder central e absoluto, regido por quem se considera acima do bem, do mal ou da lei. Um Estado que cobra cada vez mais e maiores tributos a todos, especialmente aos emergentes e criando a estes todos o tipo de dificuldade para ampliar sua participação nos negócios, pois estes só podem estar sob a tutela do Estado, nas mãos de quem governa o poder central e seus apaniguados. O poder central acusa a burguesia de conspirar contra o bem do povo, argumentando que só o Estado pode proteger os pobres. Os rebeldes demonstram que é o poder absoluto que está impedindo o crescimento e a distribuição da riqueza, defendendo os grandes monopólios. Em tal caldo de cultura podemos acrescentar ainda seitas religiosas que defendem um lado, ou outro, com pastores e padres que usam os textos bíblicos para incitar a revolta e conquistar hegemonia. O estopim? Um líder rebelde no parlamento. 

    Captou a figura do caos? Exatamente; foi deste caldo de cultura que nasceu o capitalismo. A soma destes conflitos levou a Inglaterra a entrar em guerra civil, 4 séculos atrás, transformando-a em Reino Unido e na maior potência da civilização ocidental e do mundo, até as guerras mundiais do século 20. A falta de sequência na dinastia Tudor, anglicana desde que Henrique VIII separou-se da igreja católica para poder separar-se de 7 esposas, teve sua sequência em Elisabeth I, A Virgem, que por este detalhe não deixou herdeiros. Assim sendo, assumiu a coroa da Grã Bretanha o rei James I, da casa de Stuart, da Escócia. Um déspota que não aceitava ser contrariado e dizia ser ungido por Deus, que conseguiu liquidar com o crescimento político e econômico obtido durante o século anterior, dissolvendo o parlamento sempre que isso lhe parecia favorável e tentando impor uma monarquia absolutista baseada no direito divino. Seu sucessor, Carlos I não era melhor que isso e manteve o conceito de que reinava e governava por indicação divina e, portanto, não aceitava contestações. A ponto de dissolver o parlamento em 1628. Só 12 anos depois o parlamento foi restituído, mas a corrupção hegemônica, em especial entre os peruquentos da Casa dos Lords, fez com que os Cabeças Redondas, puritanos que dominavam a Casa dos Comuns sob a liderança de Oliver Cromwell se rebelassem definitivamente. Com o apoio da burguesia que não aceitava mais os monopólios controlando os negócios internacionais, nem a destruição das cercas das lavouras comunitárias onde se produzia o alimento, visando expandir a criação de ovelhas para aumentar a produção de lã e com a força dos calvinistas, que defendiam os camponeses contra o invasor anglicano. Ah e com um exército próprio que se bateu contra El Rei e os senhores feudais. Uma guerra civil, onde as tropas parlamentaristas, sob o comando de Cromwell, se bateram contra o absolutismo, subjugando o inimigo e retornando ao parlamento na tentativa de impor uma Carta Magna onde o parlamento passasse a ter o poder sobre o governo, reduzindo o poder real para a chefia do Estado. O rei comprou votos com o tesouro público, como de hábito e impediu a aprovação da mesma. Cromwell foi ter com seus soldados e contou a eles que não ganhariam o que lhes foi acertado e prometido, pois os derrotados estavam de volta ao poder. Foi o que bastou para suas tropas invadirem a Casa dos Lords, prenderem os proxenetas peruquentos da nação, dissolverem aquele antro e justiçarem seus membros, além de prenderem sua majestade, que acabou fugindo pra Escócia que, bem ao seu estilo, o vendeu de volta. Foi julgado, condenado e decapitado.

    Cromwell se auto-proclamou Lord Protetor da Grã Bretanha e partiu pra cima da Irlanda, pra dar uma sova nos católicos e anexando seus domínios num banho de sangue que levou a morte um quarto da população da ilha vizinha. O período entre a morte do rei e a morte do Lord Protetor foi o único em que a Inglaterra viveu sob uma República. Quando este se foi, os calvinistas tentaram nomear o filho, como herdeiro Protetor, mas não colou e a nação britânica concluiu que se era pra ter outra dinastia totalitária era mais fácil ficar com a monarquia que estavam acostumados. Chamaram os Stuart de volta, impuseram a estes a Carta Magna, separando o que é Estado daquilo que é governo e todos viveram felizes para sempre, assistindo a Revolução Industrial acontecer a passos largos sob a égide da modernidade.

    Viram como poder absoluto, não funciona nem na monarquia, nem na república? Sem falar que, no momento da divisão de tanto poder, pode muito bem surgir uma experiência capitalista, coisa da qual nosso país bem precisa experimentar. Chega desse mercantilismo com um poder central controlando tudo e favorecendo negócios apenas a seus apaniguados, restando a todos os demais o dever de pagarem a conta.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Brasilia; Um Território de Possibilidades

    A política pública e partidária é um trabalho de longo prazo visando o poder central. Uma estrada longa para ser percorrida durante toda uma vida. Somente através da observação, através do tempo, o animal político entende quais são os entes com que terá de fazer alianças e como as relações com os outros humanos, que movem esses entes, definirá sua sustentação rumo ao poder. Quem hoje, no Brasil tem uma bagagem construída ao longo de toda uma trajetória, com portas abertas e trânsito em quase todas as repartições do poder constituído? Pode-se contar nos dedos.

    Em primeiro lugar, de forma inquestionável, José Sarney. Este, não só tem as portas abertas, como tem as chaves que as abrem e fecham. Não é a toa que Lula só se elegeu Presidente da República, após de 4 tentativas, quando se aliou ao imortal do Maranhão. Vemos aí, o segundo melhor ator político, que compreendeu os percursos por onde o labirinto do poder conduz a seu destino. O ex-sindicalista aproveitou como mestre o tempo livre que teve desde os tempos que ingressou para o sindicato dos metalúrgicos. Por isto chegou ao comando geral da nação e ainda é o agente político mais importante do agrupamento partidário que manda em Brasilia. Prova que, na semana passada, derrubou sozinho todas agendas do Planalto e chamou para si a total atenção das lideranças da República, em especial do PMDB de Sarney, ainda o partido mais influente do país. 

    Lula tinha como lugar-tenente, alguém que lhe dedicava uma fidelidade canina, segundo as próprias palavras de José Dirceu, mas numa jogada genial de Roberto Jefferson(outro matreiro que entende do jogo), foi ejetado do poder e do projeto de 20 anos no comando da nação e terminou na prisão. Ato continuo, Lula viu-se obrigado a nomear alguém que julgava ter o mesmo nível de fidelidade e pensou ter encontrado em Dilma este personagem. Ledo engano. Quando se faz de um poste o seu sucessor, pensa-se que vai seguir no comando, mas não funciona bem assim. Dilma tem personalidade e ideias próprias, tal como uma visão macro-econômica bem distinta. Com seus conceitos próprios arruinou o programa desenvolvimentista governamental, queimou os estoques super-avitários e liquidou o fluxo de caixa do governo. Como se não bastasse, rompeu a fidelidade segundo a qual deveria voltar pra casa, passados 4 anos, devolvendo a presidência ao mentor. Quando conseguiu a re-eleição, acreditou que tinha o mesmo tamanho de Lula e este foi seu segundo erro crasso, este imperdoável. Mal ela deu a entender que agiria de forma independente a partir disso e seu mundo caiu. Lula nem precisou puxar o tapete; a falta de talento político e administrativo da Presidenta conseguiram fazer isso praticamente sem ajuda de quem quer que seja. Some-se a isso uma oposição não partidária que tomou as ruas e redes sociais da nação e o isolamento chegou ao ápice.

    Então por quê Dilma ainda não caiu? Porque existe na Capital Federal, um outro animal político de rara estirpe, daqueles que trilhou longo caminho e aprendeu que as portas do percurso deveriam ficar sempre abertas. Para sorte da Presidenta, este outro personagem é seu vice, Michel Temer. Este, ao contrário de Dilma, em vez de ser aprendiz de Lula, é pupilo direto do grande e único guru incontestável do PMDB nacional e do Planalto... ele mesmo: José Sarney. Temer conseguiu reunir a avenida Paulista com uma mão e reorganizar a interlocução com o Congresso, com a outra mão. E o governo hoje está em suas mãos. Se Dilma renunciar, ou for impedida pela Congresso, o vice-Presidente já tem como governar. 

    Lembrando que o impeachment pode recair sobre a chapa Dilma-Temer, o que instalaria Eduardo Cunha no poder, por um período transitório, até que novas eleições fossem organizadas. Essas eleições seriam comandadas por Toffoli, no STE e sua maquininha Smartmatic venezuelana? E Lula, se não for preso pela Lava-Jato, seria batido por Aécio? Eduardo Cunha se licenciaria, entregando o poder transitório a Renan Calheiros, para poder concorrer a Presidente como candidato de um PMDB esfacelado?

    Possibilidades..! Geniais, conspiratórias, especulativas, mas possíveis possibilidades

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Gracinhas e Grosserias Por Um Prato de Lentilhas

    Não há, nem houve movimento popular neste país que se assemelhe ao que estamos presenciando. Um grupo de guerrilheiros que pretendiam implantar uma ditadura comunista no Brasil, aos moldes de Cuba, descobriu o caminho para o poder através da democracia. O caminho foi trilhado usando a figura de um sindicalista de elevada inteligência emocional e carisma, mas nenhum escrúpulo ou crença ideológica que não fosse apenas chegar ao poder e dele usufruir de todas as formas. O personagem criado em torno de uma aura fictícia de líder dos trabalhadores, sem jamais ter trabalhado. Uma ideia genial do pensador militar Golbery do Couto e Silva para impedir o ressurgimento do trabalhismo, que fatalmente aconteceria com a volta de Leonel Brizola após a anistia política. 

    O pretenso marionete denominado pelo operador da ordem política e social, Romeu Tuma, pela alcunha de Barba, cumpriu com seu desígnio original liquidando o trabalhismo e absorvendo sua base popular e cresceu. Cresceu aprendendo de que forma eram puxados os cordões e quem os puxava e a estes se associou, transmutando-se de criatura em marionetista. Assim chegou ao poder nos braços de um partido construído pela abdução das bases populares do trabalhismo; pela articulação de um braço sindical que aderiu e subjugou a herança do peleguismo; com um braço armado distribuído em torno de todas as regiões produtivas do país, corrompendo o conceito dos assentamentos de trabalhadores sem-terra; com o apoio logístico e da igreja católica através de suas comunidades eclesiais de base e, por fim, aliado ao que sobrou dos guerrilheiros comunistas que entraram em guerra civil contra o governo instituído pelas Forças Armadas em 1º de Abril de 1964.

    Entre estes últimos, 2 se destacaram; um desde seus tempos como agente cubano infiltrado e vivendo sob disfarce e outra, que ficou famosa entre terroristas por ter executado o roubo milionário ao cofre de um bicheiro no Rio de Janeiro. O primeiro foi preso 3 vezes já e sua credibilidade só não é inferior ao índice de popularidade da outra, que ocupa a presidência da república, com a menor aprovação da história deste país.

    Se milhões de brasileiros saíram às ruas neste e em vários outros domingos exigindo a saída da "presidenta", não há de ser as gracinhas e grosserias postadas em redes sociais pelos vendilhões que defendem bandidos como cúmplices. Baba-ovos do poder como aquele "rapper"que xingou um milhão de brasileiros e mais de 200 cidades deste país de membros da Klu Klux Klan no Criança Esperança. Quem quiser trocar sua dignidade por um prato de lentilhas que o faça, mas não tente diminuir a força deste grito coletivo sem igual na história brasileira. Essas gracinhas e grosserias não colam mais. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Não Há O Que Não Haja

    A capilaridade das TVs por assinatura cresceu de forma exponencial com o acesso facilitado pelas operadoras satelitais. Já não é mais necessário estar próximo a um cabo para assinar uma distribuidora de canais chaveados, pois os pratos que captam a emissão das ondas transmitidas podem ser instalados em praticamente qualquer lugar. Some-se a isso a existência de centenas de canais que transmitem ininterruptamente e a oferta passa a ser absurda. Vivemos um tempo onde tudo pode ser argumento para um programa de televisão. Tudo? Sim tudo mesmo.

    Hj acordei com um programa em que mostravam uma dona de casa que se nega a ir ao mercado e pega 100% dos alimentos no lixo. A produção do programa contribuiu com um "chef" e a tal recicladora promoveu uma festa onde ofereceu acepipes encontrados no lixo da vizinhança, nas lixeiras de restaurantes e no lixão da cidade. Em suma: não há o que não haja!

    Daí pra se começar a encarar a vida que chamamos de "real" no formato de um "reality show" é um pulo. Porque o festival de grosserias que estamos assistindo diariamente nos telejornais é comparável às baixarias que se assiste nos BBBs da vida. Parece ficção sair do Palácio do Planalto e dar de cara com conhecidos militantes contratados, devidamente fardados pelo braço sindical do PT e depois ouvir nos noticiários o Presidente da CUT dizer com todas as letras "se preciso os 'movimentos sociais' irão às ruas de armas na mão" para defender o governo eleito por eles e que pra eles governa. 

    Pena que neste domingo não tenha paredão pra decidirmos quem será eliminado na terça-feira e perca os direitos de seguir aparecendo na TV falando bobagens. Mas tem manifestação na rua, o que é quase a mesma coisa e a gente nem precisa pagar pelo telefonema. Então, se você quer mandar alguém pro paredão, para eliminação na sequência, já sabe o que fazer neste domingo.

    Um bom fim de semana a todos

de Brasilia, Marco Poli

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ser Ou Não Ser Interesseiro?

    Tudo o que fazemos é movido a interesse. Quando vemos uma pessoa que nos atrai fisicamente, corremos atrás pelo interesse em ficar perto dela. Quando descobrimos uma profissão atraente, estudamos o que for necessário até nos qualificarmos para a exercer. Se desejamos uma residência específica, com aqueles detalhes que nos fazem sentir mais conforto, deixamos que o interesse nos mova até juntarmos os valores que nos permitam lá residir. Ao vermos imagens de um lugar que mexe com nosso imaginário, passamos um ano inteiro correndo atrás da poupança que nos habilite passar as férias lá. Isso é ser interesseiro?

    Não, claro que não. Querer estar com uma pessoa pelos hormônios ou fantasias que ela movimenta em nós, não é a mesma coisa que fazer isto pensando em grana, status ou poder. Claro, se os seus valores incluem essa parte, então você não sentirá impedimento ético em agir assim. Muitas vezes, até, pode casar a fome com a vontade de comer, como diz o jargão popular. Afinal, quem pensa longe pode ter o direito de incluir essa ambição dentro de uma conduta ética, sem fazer mal a quem quer que seja, fazendo o bem a si mesmo e provocando uma onda benigna em torno de suas realizações.  É o princípio de "os fins justificam os meios". Um conceito difícil de explicar fora da maldade. A política e as novelas de TV estão repletos de exemplos de como isso pode gerar o mal.

    Ninguém é obrigado a mentir para obter aquilo que sonha, até porque a mentira tem perna curta -e hj se diz que língua presa e 9 dedos- nem moldar a verdade para conquistar seus objetivos. Não é feio nem proibido ser ambicioso, assim como não é obrigatório ser do mal e agir com maldade para atingir essas metas. Pode-se facilmente encaixar esta atitude dentro do conceito moral judaico-cristão de "não farei aos outros aquilo que não quero que façam comigo" e lutar por conquistar aquilo que se almeja sem maltratar os outros. Peguemos  exemplo do fazendeiro rico que tem apenas uma filha mulher, ou filho artista, que não demonstra qualquer afinidade com a lida de produtor rural. Necessita de uma pessoa que auxilie a manter, ou ampliar, o patrimônio da família. Alguém vai ocupar este espaço, mas não precisa ser "do mal" e pode sim, exercer a função com alegria e causando o bem.

    O mesmo pode acontecer com um político, um advogado ou até mesmo um marqueteiro. Nenhum deles é obrigado a trilhar o caminho torto. Claro que não há monges nestas profissões, mas tampouco não existe certeza de ética ilibada entre clérigos das mais diversas religiões. Pura e simplesmente porque o ser humano é imperfeito, comete erros. O problema começa quando os erros de conduta passam a ser a rotina de uma conduta. De resto, pensamentos leves e desejos possíveis, podem sim serem conduzidos por interesses, sem que isso conduza o praticante ao inferno.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Não É Tão Difícil

    Ele é o líder socialista de maior expressão de sua geração. E o mais bem sucedido também, pois não apenas conquistou o governo do país, como lá ficou por um bom tempo. Estou falando do José Socrates, 1º Ministro de Portugal entre 2005 e 2011. Lembrei dele porque teve sua casa em Lisboa vendida por 675 mil Euros, por determinação da justiça portuguesa em ação de cobrança demandada pelo fisco, a quem Socrates deve 5mil Euros. Como o acusado está preso e a legislação não permite que outros paguem suas dívidas, a casa foi penhorada. Simples assim.

    Sem MI MI MI sua excelência foi preso por suspeitas dos crimes de fraude fiscal, "branqueamento de capitais", corrupção e cumpre pena. Ninguém chamou isso de "golpe" ou ameaçou retaliar com guerra civil. O líder socialista foi pro xilindró e agora tem seus bens penhorados para acertar suas dívidas com a sociedade. 

    Não é tão difícil assim. Muito menos motivo para convulsão social. Cometeu crime, foi julgado, condenado e cumpre a pena. É tão difícil assim entender isso?

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Prefiro O Abacaxi Ao Jumento

       Vc já viu um abacaxi? Não na fruteira, mas no cinema. Pois é, eu vi. Fazia anos que isso não me acontecia, mas me deixei levar pela vontade de cochilar depois de uma refeição tardia, com um nome famoso do cinema francês como Godard assinando o filme. Bah..! Isso facilitou minha sesta um monte. Obrigado meu ilustre cineasta francês, você me patrocinou um cochilo maravilhoso. Como a sala estava vazia, se ronquei ou se sorri, o importante é que não fiz sair ninguém dali -a única outra vítima de Adeus À Linguagem além de mim, estava na mesma fila que eu e já tinha levantado e abandonado o cinema ainda antes de eu cair no sono.

       Tenho essa paixão mal resolvida por filmes “off Hollywood”. Uma tendência a entrar em qualquer sala de cinema onde seja projetado um filme feito em um lugar diferente da fábrica de “blockbusters” do Tio Sam. Nada contra o capitalismo opressor yanqui, apenas contra as tosqueiras cometidas amiúde pelo produtores que bancam os filmes em Hollywood. Quantas vezes você já começou a assistir uma dessas películas motivado, tudo vinha bem, evoluía bem e, do nada, aquilo se transformar numa gosma de empurrar goela abaixo a pacientes em coma? Pois minha paciência para ser chamado de burro nas salas de cinema já foi pro espaço há muito tempo e, desde então busco assistir todo o filme feito fora da “meca” e, se for fora dos EUA, melhor ainda. Daí que seguido troco as tosqueiras pelos abacaxis.


Lembre-se sempre que, nestes momentos intensos e de estresse que estamos vivendo, duas horinhas no escuro, com a mente e o celular desligados, pode ser uma garantia de sanidade. Um abacaxi desses, como o do Godard, auxilia o vivente a desligar o disjuntor e sair de circuito, num momento quase uterino, pra depois renascer pronto pra voltar à guerra. Tenho um amigo que faz isso nos jogos do meu time e ele jura que chega a sonhar, mas ainda prefiro o abacaxi cinematográfico. Custa bem menos e nem se corre o risco de acordar assustado com os gritos e xingamentos da torcida contra um jumento investido no cargo de treinador, que coloca um centro-avante quando faltam apenas 10min de jogo, muda a partida, mas não dá mais tempo de mudar o resultado.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A Vida É Doce

        Entendo que tenha quem diga que é amarga, não contesto; talvez seja mesmo para quem assim diz. A minha, ao contrário é doce. Sempre foi, pelo simples fato de que desde minhas primeiras lembranças tive uma pessoa doce fazendo de tudo pra que viver fosse como saborear um pêssego no verão. Que sorte eu tive em ver a vida sempre assim, desde o início, não?
Com ela aprendi não só a me alimentar, mas também a fazer meu próprio alimento. Bah e como cozinhava bem e como gostava de me ver saboreando seus pratos e acepipes inacreditáveis. Sempre me levando em viagens incríveis onde descobríamos surpresas gastronômicas dos deuses, mesmo que isso fosse sob a lona de uma barraca, acampados ao pé de uma montanha ou próximo ao mar.
Com ela aprendi que amigos a gente encontra, afinal o mundo não é só aqui e que cada encontro de amigos pode virar logo numa festa. E como é bom fazer festa com gente amiga. Ela que sempre me lembrou que eu precisava aprender outras línguas, além da nativa, pois o mundo não é só aqui, embora repetisse sempre: “teu português é teu cartão de visitas; jamais faça uso incorreto dele”.
Pessoas doces são assim: oferecem e cobram com a mesma generosidade, firmeza e repetição, mostrando que a vida pode ser um alegre passeio pelo jardim divino em que nos foi oferecido viver. Ao mesmo tempo que nos alertam e preparam para resistir às intempéries, já que a rapadura é doce, mas não é mole não.  Assim nos ensinam a vencer a tristeza, pois esta não passa de um momento de repouso da alegria de viver.
Hoje é dia de lembrar disto, pois 4 de agosto sempre será pra mim um dia de festa, de casa cheia e de mesa farta. É o dia em que sempre celebrarei o aniversário de minha mãe, dra. Maria Alayde, a quem eu devo não apenas a vida, mas a descoberta de seu lado doce.