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quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Saudosismo É Bom

Para ouvir a versão em áudio, basta acessar por aqui

Saudosismo é bom, porque prova que a pessoa fez histórias, ou delas participou. Costumo dizer que viver é fazer histórias; ser feliz é saber contá-las…
Hoje eu acordei com saudades da lista telefônica. As novas gerações nem sabem do que se trata, mas lembrar da facilidade de precisar de um serviço e simplesmente consultar as páginas amarelas… quanta saudade disso.
Todas as cidades de médias pra grandes, tinham sua própria lista telefônica e, aqui no Brasil, cada cidade tinha somente uma companhia telefônica, que era Estatal. Ter um telefone em casa era sinônimo de posses. Meu pai declarava o dele ao imposto de renda. Sim, o telefone era um bem e cada lista abrangia especificamente a região daquela cidade, onde se editava uma nova versão a cada ano. Menos Rio de Janeiro, onde chegou a passar 7 anos sem atualização do catálogo, com nomes, ou endereços e seus respectivos números de contato. Até onde minha memória alcança, o número lá de casa tinha 5 dígitos, 21094. Depois, com o passar do tempo, recebeu mais um algarismo, subindo para 6 dígitos. Até que chegou o sétimo algarismo e, por fim o oitavo. Pouco depois deste já chegava o celular e os telefones fixos praticamente perderam a serventia, terminando com a utilidade da lista telefônica.
Claro que hoje temos os maravilhosos buscadores da internet, mas a lista telefônica trazia apenas os prestadores de serviço da minha região. Era bem mais rápido e eficaz que ficar depurando as centenas de sugestões que surgem nos portais de busca. Deu um certo saudosismo daquela simplicidade.
Lembro de um episódio ocorrido durante uma campanha para Prefeito de Porto Alegre, onde eu participava da equipe de marketing eleitoral. O “brilhante” marketeiro trazido de fora chegou com uma ideia mirabolante: “vamos criar um personagem igual à Velhinha de Taubaté…” Todos os locais se olharam incrédulos, mas ante a jactância efusiva do ser alienígena, que acreditava estar homenageando os nativos copiando uma criação de Luiz Fernando Veríssimo, capitulamos. Quando percebemos que era a sério, começamos a conjecturar quem podia interpretar a nossa versão da personagem. Eu rapidamente sugeri a pessoa que me veio à mente de estalo para fazer o papel; comediante que foi uma das maiores radio-atrizes do passado, mas que ainda atuava nos palcos da vida e gravava comerciais: Esther Castro. 
Todos os mais velhos, à mesa concordaram na hora; ela seria perfeita. O comandante executivo da operação imediatamente chamou a estagiária bonitinha, mas que nasceu desprovida de neurônios e solicitou que ela encontrasse e chamasse nossa atriz o quanto antes. Dois longos dias se passaram e houve cobranças na reunião de agenda matinal. Onde estava a atriz pra fazer a personagem "genial"???
Chamada a estagiária graciosa e questionam a ela qual a razão da demora da pessoa estar ali. Ela se descabelou tentando explicar que não a conseguia encontrar. Quando passou o chilique pedi gentilmente à ela que nos trouxesse uma lista telefônica. Ela saiu e retornou à sala de reuniões com o catálogo em mãos, o qual me entregou. Abri na letra C; Castro estava entre os primeiros. Corri o dedo sobre os nomes listados até encontrar Castro, Esther. “Liga pra essa pessoa aqui, meu anjo”..! Ela pôs a duas mãos na cintura, parecendo um açucareiro irritado e saltou com a pérola: “também, sabendo o nome, até eu né..?”
Saudades disso

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Saudades De Mim

Ouvir em Podcast por aqui

Saudades de Mim

Minha infância aconteceu nos longínquos anos 60. Época de doideira, a qual sempre observei com olhos atentos de criança. Boa parte desse período vivido no Rio, terra de minha mãe, onde passava ao menos 3 meses por ano. De lá veio boa parte da cultura mais viva daquele período. Eram tempos intensos. Militares no poder. Surgia a Rede Globo de Televisão. Satélites unindo a comunicação pelos 4 cantos do mundo. Moças vestindo biquinis cada vez mais curtos nas praias. Garotões deixando crescer o cabelo. Passeatas de protestos. Festivais da canção. Beco das Garrafas. Jovem Guarda. Feira Hippie. Drogas. Drogas. Drogas. Muita droga. E a criança só observando.

Nas temporadas na casa de vovó, em Niterói a então capital do Estado do Rio, do outro lado da baía de Guanabara, o convívio com a primaiada. Em especial as duas primas que moravam em Petrópolis, cidade serrana fluminense, com quem dividia boa parte daqueles períodos de férias. Se aqui em Porto Alegre éramos 2 meninos, lá em Petrópolis eram duas meninas e, você sabe, mulheres têm raciocínio, hábitos e práticas diferente dos rapazes. O que nos unia, além do laço familiar, era o fato das idades próximas -uma delas nasceu horas antes de mim, o que agregou cabelos brancos à nossa vó que teve de optar por qual filha abraçar naquele momento. 

Crescemos juntos e as brincadeiras sempre partiam delas. Subíamos a Serra dos Órgãos amiúde, não apenas para as visitar, mas também porque a família do pai delas tinha um laboratório bioquímico farmacêutico que produzia o único remédio capaz de aplacar meus ataques de asma. Por ser um laboratório de produção pequena, a medicação não chegava às farmácias. Somente indo lá buscar. Os tempos eram outros, então tínhamos de inventar coisas pra fazer, especialmente brincadeiras.

Crescer nos anos 60, em meio a toda aquela agitação cultural era divertido e o universo imaginário sempre nos permitia criar algo. Uma vez elas apareceram com um violão, mas o repertório que tocavam e cantavam me doía nos ouvidos. Foi quando dei um jeito de aparecer com uma vitrolinha, portátil, a pilha. Quase nenhum disco, então começamos a pedir discos de presente aos familiares. Na época existia um vinil chamado Compacto Simples, com apenas uma música de cada lado, que custava baratíssimo. Então, em vez de gastarmos as merrecas aquinhoadas, em lanches ou auto-choque no Campo de São Bento, os Pilas viravam discos. E assim vieram canções da moda, na maioria românticas em função da época. Até mesmo um hit de Paulinho Nogueira, interpretado pelo jovem galã das primeiras novelas da Globo, Cláudio Cavalcanti, foi parar na vitrolinha. Ou Evinha e seu Trio Esperança, Golden Boys, Tony Tornado, Nara Leão, Jair Rodrigues, Wilson Simonal e tantos outros que fizeram minhas primeiras alegrias, quando as primas convidavam algumas amigas, abaixávamos a luz e colocávamos a vitrolinha a tocar e tirávamos as gurias pra dançar. Daí pra deixar de ser criança, foi um pulo.


Depois de dançar juntinho, sentir os cheiros das meninas, sentir que umas se aproximavam mais, ou abraçavam de um jeito diferente, ou ainda deixavam a cabecinha sob meu ombro, despertou em mim outra coisa, que ainda está latente até hoje. Saudades da minha inocência, mas esta, como os anos 60, não volta mais

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Elas e Eu

Não lembro certo se foi pelos 3 ou 4 anos de idade que me dei conta que não podia viver longe delas, as meninas. Só que, desde aquela época já sabia que nem todas. Tem um tipo delas cuja companhia eu dispenso desde sempre.
Em frente à nossa casa, na Bordini, onde hoje existe um super mercado, morava o fundador do Hospital Getúlio Vargas, dr. Velasquez, abençoado por ter uma penca de filhas. Para minha sorte a filha mais nova, Heloísa, era a mais bela e da minha idade. Eu atravessava a rua pra lá, cuidando com os bondes, e brincávamos juntos amiúde. Os fundos da casa dela davam pra, Xavier Ferreira local tranquilo, com pouco trânsito, que descia até a Mata Bacelar, também pacata e com alguns terrenos com espaço suficiente pra criançada brincar, especialmente próximo à Tahnhauser. Minha vizinha conhecia todas as meninas de nossa idade do entorno e eu acabava me enturmando. A mãe dela se dava muito bem com a minha, o que facilitava tudo.
Minha mãe, Carioca, sempre levava os filhos ao Rio, nas férias que naquela época ocupavam 4 meses do ano. A irmã dela morava na serrana Petrópolis e tinha duas filhas, uma delas nascida 2 dias antes de mim, para desespero de minha avó que teve de fazer uma escolha de quem acalentar no começo daquele mês de abril de 1959. Por ser da mesma idade de uma das primas, passávamos temporadas inteiras juntos e elas tinham primas do outro lado da família também na mesma idade, fora as amigas. Então, desde onde minha memória alcança, tenho o hábito do convívio com as gurias. 
A maior parte desse convívio quase sempre é só alegria, mas -e sempre tem um “mas”- tem um tipo que se eu pudesse, passava ao largo. São meninas que não aceitam ser contrariadas. As coisas têm de ser feitas somente e exatamente do jeito que elas exigem. Caso contrário elas emburram imediatamente, te chamam de criança e começam a gritar. Imagine uma pessoa com 3 anos de idade chamando alguém de criança? Achando que por conseguir conquistar coisas com os pais através de birra, vai conseguir determinar as coisas também do lado de fora da cerca?
Gasta-se muita energia com pessoas assim. O problema é que elas crescem e vão até o fim de suas vidas com essa conduta. Na adolescência elas agem como se fossem quase Miss Universo pretendida em matrimônio por um trilionário nórdico, mas vc, com a mesma idade não passa de um crianção. A gente cresce, o tempo passa, olha as fotos preto e branco das turmas de colégio e vê só pirralho e pirralha, mesmo que algumas se julgassem adultas. 
Chega-se aos bancos de faculdades e ela ainda não casou com um magnata, mas como os meninos já apresentam barba, o argumento evolui para: cresce, amadurece ou o mais “adulto” de todos que é o “vai te tratar”, referindo-se à psicanálise. E assim elas seguem a vida até bem velhinhas, sem terem se tornado milionárias, mas ainda tentando impor sua vontade na força, no grito e desqualificando a maturidade dos guris que apenas se esforçaram para lhes mostrar que a vida pode ser ainda mais leve e alegre.
Nem adianta ponderar; elas emburram, ficam iguais a mula quando empaca. Já as mulheres sábias aceitam o contraditório como se não o tivessem ouvido, sorriem e aguardam o momento de mostrar que sabem o caminho mais inteligente e… assumem o comando com o charme e a soberania de quem sabe o chão onde pisa, o destino e o rumo a ser trilhado.
Eu amo as mulheres desde que me conheço por gente e delas necessito como o ar que respiro, mas evito as mulas. Estas são uma perda de tempo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Retrato do Momento 10

Instado pelo meu Senador favorito, depois de uma discussão em grupo de amigos, quero aproveitar os 33 anos de carreira no marketing eleitoral deste escriba, para oferecer minha leitura das pesquisas que vem surgindo sobre esta eleição. Afinal em um dia surgiu uma pesquisa dizendo que o candidato líder em TODAS as pesquisas não cresceu com o atentado que sofreu e, no dia seguinte, outro estudo do maior instituto brasileiro do ramo diz o contrário.
Afoitos podem dizer que a diferença é inexpressiva, de 26%(Ibope) para 24%(DataFolha); não é nem um pouco inexpressiva por um fato muito simples: o estudo DataFolha diz que o candidato subiu dentro da margem de erro(22 a 24) depois do atentado, enquanto que o Ibope afirma que o líder subiu além disso(22 a 26), pois sua margem de erro sobe aos 28% neste momento, contra 24% dentro da margem anterior. Isto sem levar em conta que Jair Bolsonaro tem 23% de menções na espontânea, o que é um índice muito alto, pois Lula aparece com apenas 8%.
É fácil de entender que a rejeição ao Capitão da Reserva tenha caído 3% para o Ibope, já que ele foi vitimizado. Difícil é entender porque subiu na consulta DataFolha, que mostra dados difíceis de se explicar, pra dizer o mínimo. Nele, Cabo Daciolo teria 1% das preferências, enquanto Eymael está zerado. Ok, talvez seja um retrato fiel da situação de ambos, mas neste caso como explicar que estes ilustres desconhecidos do eleitorado tenham rejeição de 19%(Daciolo) e 17%(Eymael)? Como alguém pode confiar numa pesquisa eleitoral que afirma termos 2 candidatos que ninguém sabe quem são, ou não se importa com sua existência, acumularem 36% de rejeição?
Os números gerais de ambos levantamentos são antagônicos, pois DataFolha diz que não houve crescimento significativo do candidato líder nas pesquisas, enquanto Ibope garante que o crescimento depois do atentado é sim, significativo. Basta olhar os gráficos para se ver que a única folha do estudo em que Bolsonaro não cresce é a do Nordeste, já que seu crescimento foi substancial até entre pretos, pardos e mulheres. O segundo candidato com crescimento mais significativo no período foi Haddad, que mesmo assim caiu entre o eleitorado de “raça branca”, seja lá o que isso signifique no Brasil e aqueles com renda superior a 5 salários. O mais impressionante é que a vítima do atentado em Juiz de Fora já ultrapassa Marina, que se diz mulher negra, entre este eleitorado, segundo o Ibope.
São 2 dias ouvindo todos os tipos de disparates sobre a publicação e uso que a mídia fez destas pesquisas. A realidade é simples: todos erram quando colocam uma pesquisa eleitoral como algo definitivo. Ela não passa de um retrato do momento e como tal deve ser olhado e esmiuçado por quem tiver interesse. Até a publicação da próxima. Lembrando que acertos não tem sido o forte dos institutos de pesquisas nacionais, mas apenas dos regionais.

domingo, 4 de março de 2018

Inteligência Artificial Atormentando Nossas Vidas

Em algum momento vc já teve o sentimento de que os algoritmos de algumas ferramentas de internet estão lhe tirando pra bobo? Vc fez uma pesquisa sobre preços de viagens aéreas pra Fernando de Noronha. Do nada surge no seu Facebook, ou Google, anúncios de roteiros e locais para ficar naquele paraíso, ou ofertas de alguma das companhias pesquisadas. Já aconteceu com vc, né? Pois é, vc já está sendo manipulado por AI-Inteligência Artificial. Aquilo que os filmes de ficção científica avisaram durante meio século como sendo o crime terminal contra a humanidade e que vc sempre achou que não passava de ficção está aí, no seu smartphone, ou computador, via internet.

Ainda é td um processo inicial, mas já está acontecendo. Ano passado tive um embate com um desses esquerdopatas com espaços numa rede de TV por assinatura e o dito cujo lançou seu exército de “fakes” pelas redes pra me fazer denúncias. Resultado? Fiquei fora do ar na principal rede onde represento meus clientes por 11 dias em um mês. Um terço do período, onde descobri que já existem escritórios de advocacia especializados neste tipo de conflito, pois eu, um ser humano, não consigo argumentar com a ferramenta. O algoritmo acatou a denúncia, não há a quem mais recorrer. Estou fora, cortado e censurado. Vai argumentar com AI.

Citei um caso de prejuízo pessoal onde posso quantificar o erro e entrar com uma ação indenizatória, mas e se determinada empresa comprar um programa de AI que vai fazer o primeiro julgamento de filtragem para uma vaga de trabalho? Isto já existe e mta gente deixa de ser qualificada apenas pq o algoritmo detectou uma “falha” nas informações apresentadas pelo candidato. A pessoa pode estar perdendo a chance de trabalho mais importante da vida dela, por algo que nem tem como averiguar, entender ou contrapor. Se o mesmo acontecer com a avaliação de prioridades dos que estão na fila esperando por um órgão doado para fazerem um transplante?  O algoritmo cruza as informações e pula um determinado receptor, há anos na fila, por julgar que ele não preenche os requisitos tão bem quanto o próximo. Isso já existe. O pior é saber que a AI conhece vc mais que vc mesmo(a). E que o programa foi feito por alguém, logo os preconceitos ali estabelecidos são os mesmos dos chatos de plantão.

É o fim do mundo? Não ainda, mas é chato pra caramba.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O Dia Em Que A Religião Me Faz Bipolar

"Quarta-feira de Cinzas" marca o início da quaresma, período em que os católicos praticam jejum alimentar e celibato. Justo hj tinha de cair o #ValentinesDay ??? Ok, vc pode perguntar se eu não tenho nada mais importante com o que me preocupar, seja o aproveitamento político do Gordinho Atômico em cima das Olimpíadas de Inverno na Coreia do Sul, ou o enredo da Escola de Samba que defendeu uma Organização Criminosa em rede de TV aberta na Marques de Sapucaí. 

Ora bolas, se o Carnaval significa a despedida da carne -do latim carne vale- e por isso cai numa Terça-feira Gorda, o jejum inicia justo na Quarta-feira de Cinzas. Jejum, penitência e celibato, até o Domingo de Ramos. Mas como praticar isso se nesta mesma data se comemora o dia consagrado a São Valentim? Ele que desobedecendo as ordens do Imperador Claudio II, seguiu casando os romanos apaixonados, em tempos que o matrimônio foi proibido pelo conquistador Claudio, que precisava de soldados, não de famílias. Pois o Bispo rebelde acreditava no amor e seguiu casando, até que foi preso. Mtos jovens acorreram ao local do cárcere do Bispo casamenteiro para deixar bilhetes, entre os quais a jovem e cega filho do carcereiro. Este, apiedado da filha, deixou que ela tivesse acesso ao eclesiástico. Do encontro brotou um amor e um milagre: repentinamente a cegueira da jovem estava curada e o Bispo, que acreditava na força do amor, alcançou um bilhete às mãos daquela que agora podia ver assinado “…de seu Valentim”.

Em 14 de fevereiro do Ano da Graça de 270, o Imperador encerrou as trocas de bilhetes, decapitando o Bispo que, em função do milagre e do amor que propagou tornou-se o padroeiro dos enamorados, sendo esta data considerada como o dia dos casais apaixonados em boa parte do mundo. A frase do santo foi eternizada em cartões que os apaixonados enviam à pessoa amada, sempre solicitando “me deixa ser seu Valentim”. 


Ó dúvida bipolar: descolo uma namorada em homenagem ao Santo do dia e a convido pra sair hj, mas vou logo avisando que não podemos jantar, ou fico em casa ajoelhado no milho sem comer, beber e sexo então nem pensar???

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Imposto É Roubo e o Estado Brasileiro Mata

Meu caçula, que acaba de passar no vestibular para Medicina, ontem à tarde comenta que errou de escolha, pois deveria ter cursado Engenharia, já que teria mercado de trabalho garantido em Brasilia, onde parecem faltar profissionais da área. Foi quando soube da queda do viaduto sobre a Rodoviária local. Lembrando que 2 dias antes despencou um setor inteiro de estacionamento de um prédio residencial na Capital Federal.

Agora leio na TL de uma querida amiga que reside no Distrito Federal há décadas, da vergonha que sente por morar neste Brasil que vem sendo construído sem verdades, sem sinceridade, sem compromisso com nada e com ninguém. Afinal aquele viaduto e outras obras viárias da Capital, foram vistoriadas e problemas sérios foram apontados em análises feitas uma década atrás, sendo que em 2012 um estudo apontado em relatório do Tribunal de Contas do DF mostrava textualmente da necessidade de obras neste viaduto que caiu. 

Agora, vejamos como opera o Estado brasileiro. O TCDF apontou a necessidade das reformas, mas em momento algum determinou que estas fossem realizadas. Assim sendo, nada foi feito.  Só houve manutenção naqueles viadutos do Eixão entre 2012/2014, ação realizada apenas porque em 2011 um Juiz Federal determinou ao governo do DF que colocasse no orçamento verba para a execução a obra. Logo após a Secretaria de Mobilidade do DF contratou o Professor da UNB, dr. Dickran Berberian, especialista em fundações, para avaliar as construções viárias do entorno da Rodoviária.

Assim sendo voltamos ao ponto que sempre retorna nesse Brasil decadente; um juiz determinou = obras cumpridas. Um tribunal recomendou, mas não determinou e obras não foram realizadas. Um perito analisou e nada encontrou, mas mesmo assim obras foram feitas e o viaduto caiu. Este é o Estado brasileiro. Suga as energias dos brasileiros, enriquecendo os personagens que manipulam seus entes, mas não presta os serviços pelo que cobra. 

Leio que um morador de rua, que vivia sob o viaduto caído, comenta que não existe sinalização indicativa sobre altura máxima, nos caminhos que levam à passagem de nível. Então chegam muito caminhões mais altos que a laje do viaduto, batem, raspam e arrancam pedaços do concreto. Graças a isso, buracos permitem a passagem e infiltração da água, quando chove no Planalto Central.


Ao fim, ninguém será culpado, outra obra será erguida pra tapar o buraco da que se perdeu e os usuários de trânsito na Capital sofrerão todos os transtornos causados pelos desvios enquanto isso não ficar pronto. Sem falar que cada centavo do custo disso será mais uma vez cobrado de todos nós. Ao menos não morreu ninguém, o que não faria a menor diferença para aqueles que manipulam os entes do Estado brasileiro.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Deu Pra Ti Baixo Astral, Vou Pra Porto Alegre Tchau

Ao fim dos anos 70 o Brasil começava a encaminhar o epílogo do Regime Militar, no comando do poder desde 1964. Os gaúchos, que sempre tivemos algum relevo no cenário político nacional, empolgávamos o país com a alegria da canção de Kleiton e Kledir, contando as coisas positivas de vir pra Capital Gaúcha, mesmo para os que não são daqui como a dupla, que veio de Pelotas. Nessa época a esquerda brasileira tentava unir seu maior contigente histórico em torno da construção de um partido novo, agregando as tendências que sempre digladiavam entre si, atrapalhando o projeto de um governo socialista: era o início do Partido dos Trabalhadores.

Ainda não havia eleições diretas para governador, prefeito das capitais, cidades tidas como de segurança nacional, bem como estâncias hidro-minerais. Presidente da República nem pensar. Isto só veio com a pressão do povo nas ruas durante a campanha que ficou conhecida como Diretas Já e da votação da emenda parlamentar do deputado Dante de Oliveira no Congresso, restabelecendo eleições diretas em todos os níveis. Menos para Presidente.

Grandes nomes da política banidos pelo Regime Militar, aproveitam a proclamação da anistia para retornar. O partido que agregava a oposição era o MDB e um de seus principais líderes históricos, Pedro Simon vai a Nova Iorque se encontrar com Leonel Brizola, tentando o convencer da importância da união das oposições naquele momento. Os caudilhos gaúchos não entram em acordo e ambos voltam a Porto Alegre. Um para onde morava e o outro depois do mais longo exílio que um cidadão brasileiro já sofreu na história. Assim Brizola voltava para a cidade de onde comandou a Campanha da Legalidade, quando governador e da qual foi prefeito. Entrou no país por São Borja e veio a Porto Alegre, onde sentiu-se tão acarinhado que se encheu de energia e seguiu direto para o Rio, querendo reconstruir o trabalhismo. Se deu mal, pois o artífice dos militares, Golbery do Couto e Silva tinha armado uma arapuca, passando a sigla histórica para as mãos de Ivete Vargas. Triste, com ar de derrotado, aos prantos, enfiou a viola no saco e veio pra Porto Alegre. Tchau ilusão de conquistar o Brasil. Na Capital Gaúcha renovou as energias, reencontrou seu furor cívico e construiu um novo partido, com aquele brilho nos olhos que era uma de suas marcas.

Lula andou cabisbaixo neste janeiro. Sentiu que o cerco apertou sobre si e que seus advogados estão prestes a jogar a toalha e tentar acordos para diminuir as penas a que está condenado. Seu último discurso em SP, antes do julgamento dos recursos que tentam impedir sua prisão, pelo TRF4, deixou nítido o baixo astral daquele que já foi considerado “O Cara”. O que fizeram os amigos do ex-Presidente? Enfiaram mais de mil soldados do partido e da CUT em uma caravana e mandaram que a claque rumasse a Porto Alegre. Ato contínuo convenceram o sindicalista do ABC que ele devia mudar de ideia e ir à Capital Gaúcha. Sim, ele desistira de vir ao sul. Estava embarcando pra Etiópia.


Chegou aqui, viu algumas dezenas de correligionários que o foram esperar no aeroporto Salgado Filho, foi colocado em uma viatura com escolta policial e conduzido pelas ruas sujas e esburacadas da cidade até o mal cheiroso e fétido Centro Histórico, onde o grosso da claque o aguardava para um comício. Foi uma boa tentativa de Lula, mas o baixo astral agora faz morada em nossa cidade. E com certeza a culpa não é de Kleiton, Kledir e sua canção. Deu pra ti alto astral, pra Porto Alegre você disse tchau. E Lula vai pra Adis Abeba ainda mais deprê do que aqui chegou.

sábado, 6 de janeiro de 2018

O Espião Que Mamava

Brasileiro ama uma teoria da conspiração. Quando não tem uma, cria assim do nada. Se houver ingredientes estranhos no assunto, aí então é batata. Pois mto bem, vocês sabem qual o maior negócio ilícito do planeta? Quem respondeu o tráfico ganhou uma bala gasosa. Sim, o tráfico, seja de armas, de drogas, animais silvestres ou de pessoas é, de longe, o maior negócio ilegal do planeta. Acreditem: o tráfico de seres humanos rende tanto quanto drogas. 

   No ano passado o jornal El País, de Montevideo, contou a história de um cubano de 75 anos de idade, residente na capital uruguaia, que foi investigado e criminalmente julgado por 12 compatriotas que ele fez sairem do feudo insular da família Castro e chegarem até a Banda Oriental, numa viagem maluca que inicia em Havana, segue de avião à Guiana, onde os fugitivos vão de taxi até a divisa com o Brasil, são atravessados de barco por coyotes, rumam a Boa Vista, de onde pegam avião para Manaus ou Brasilia, partindo dali para São Paulo, onde finalmente pegam uma aeronave para Porto Alegre, desembarcam no Salgado Filho e, de taxi, rumam à fronteira do Uruguai, onde entram a pé e pedem asilo.

   O custo da operação fica entre U$5mil e 8mil Dólares por pessoa, é pago a vista, em espécie e o imigrante fica legalizado no Uy enquanto a burocracia local tramita seu visto de residente, o que pode levar até um ano, em função da quantidade de cubanos que chegam. Foram quase 1.600 em 2017. Existe até uma associação de imigrantes da ilha de Fidel, cuja presidente já ocupa o cargo há 10 anos. A professora de danças caribenhas diz que os protegidos por sua instituição são em torno de 1.500, mas é uma população flutuante: “Uruguai não é destino, mas passagem. A maioria espera pela legalização e segue para os EUA”. 

   Antes que insiram nesta panela, treinamento de militância profissional que estaria por estas bandas preparando atentados para o dia 24/1 quando o TRF4 vai julgar Lula em Porto Alegre, é fundamental lembrar que os cubanos mortos no acidente de trânsito em Santa Vitória do Palmar, a minutos de chegarem à fronteira, vinham num grupo de 8 pessoas. Entre os taxis brancos do aeroporto havia somente um Cobalt que aceita corridas com 4 passageiros, pq não tinha a adaptação para rodar a gás, sobrando mais espaço, especialmente para bagagens. Tratava-se de um carro totalmente sem condições de manutenção e uso para enfrentar os mil quilômetros de viagem por nossas estradas. As outras 4 pessoas, 3 adultos e um bebê -por isso pode ser transportada um quarto passageiro- embarcaram numa Spin. O motorista da caminhonete determinou ao colega do Cobalt que este teria de viajar atrás dele, pois era inexperiente no trajeto. Só que, no extremo sul, a Spin precisou parar no acostamento pq o bebê estava vomitando e foi quando o segundo taxi tocou direto, passando à frente. Depois de resolvido o inconveniente digestivo da criança, a Spin voltou a tocar, até que alcançou o parceiro e, pouco antes de o ultrapassar novamente, aconteceu o choque que vitimou 7 pessoas, incluindo o taxista de Porto Alegre.

   O grande mote para quem prefere acreditar na teoria da conspiração é de que os cubanos sobreviventes, que estavam na Spin não ficaram para socorrer seus companheiros de viagem, em uma nítida atitude de espiões. Na verdade eram clandestinos, com mto dinheiro vivo na bagagem, que não podiam dar explicações às autoridades locais de como ali chegaram sem terem vistos nos passaportes. Além do que, uma pessoa, o representante da organização clandestina de tráfico, os aguardava na fronteira e eles precisavam chegar dentro do horário combinado. Agentes internacionais a serviço do terrorismo NÃO viajam com bebês, a menos que este fosse o “espião que mamava”. Assim sendo, exigiram que o motorista que fora muuuuito bem pago em espécie, tocasse até a fronteira, onde os entregou ao traficante, retornando após para tentar fazer algo pelo colega que ficou no caminho.


   Sim, existe espaço nesta receita para acrescentarmos ingredientes que configuram uma boa Teoria da Conspiração, afinal Lula e Cuba são td a ver, mas parece que eram apenas refugiados, fugindo do inferno, com direito a uma parada no generoso purgatório que lhes oferece o Uruguai, para depois irem em busca do céu e suas famílias, nos EUA. Ou não!