Ele passou toda uma vida construindo seu momento de sucesso. Trabalhou nos meandros escuros e frequentou do submundo até salões mais iluminados pelos holofotes da mídia e da ribalta. Depois de uma longa jornada, descobriu o caminho definitivo do sucesso e apostou todas suas fichas nisso. Bancou o jogo, como se diz e assumiu seu lugar ao sol conquistando a atenção do mundo todo, para o trabalho que fazia.
Quis aproveitar e deleitar-se dos frutos e louros da vitória. Então convenceu uma mulher de confiança a assumir suas funções neste sucesso por ele construído. Mostrou a esta pessoa o quanto ela precisava investir e como deveria ocupar aquele espaço e foi desfrutar a doçura estupefaciente do hidromel que só há no nirvana.
Ela, por sua vez, usou do pragmatismo feminino para, não apenas dar sequência às conquistas do antecessor, mas passou a dirigir o projeto com mão firme e estilo próprio. Talvez não percebesse, ela, que o enredo ao mesmo passo que engrandecia sua personagem, a empurrava para uma encruzilhada quase intransponível. Eis que, embretada e sem saída, decreta que a aposentadoria planejada de seu criador tinha de ser abortada e que, somente juntos eles podem enfrentar todo o arcabouço amealhado por seus opositores, dentro desse enredo.
A esta altura vocês já devem ter percebido que estou falando de Kevin Spacey, que produziu e bancou o personagem Frank Underwood e o sucesso mundial do seriado House of Cards, exibido pela Netflix e de Robin Wright. Ele foi o grande articulador, além de produtor que conduziu as 3 primeiras temporadas, sabendo trazer Beau Willimon -articulador do universo político que entre outros já assessorou Hilary Clinton- para dar a realidade e credibilidade necessárias à série.
Robin Wright não apenas deu vida e personalidade a Claire Underwood, que acrescentou à Casa Branca um charme que não possui desde Jakie Kennedy. Foi ela, que entendendo o sucesso e a sugestão de Spacey, bancou a 4ª temporada da série. Não apenas produziu a temporada, mas dirigiu episódios. Com isso mudou completamente o padrão de enquadramentos e iluminação, na tentativa de transformar Claire em personagem principal da trama.
Terminei de assistir todos os episódios da 4ª temporada e evitarei “spoilers”, dizendo apenas que a bagunça criada foi tão intensa que ela teve de chamá-lo de volta ao protagonismo e juntos vão para o tudo ou nada.
Pensaram que eu estava falando do quê?
Pensaram que eu estava falando do quê?