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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Retrato do Momento 10

Instado pelo meu Senador favorito, depois de uma discussão em grupo de amigos, quero aproveitar os 33 anos de carreira no marketing eleitoral deste escriba, para oferecer minha leitura das pesquisas que vem surgindo sobre esta eleição. Afinal em um dia surgiu uma pesquisa dizendo que o candidato líder em TODAS as pesquisas não cresceu com o atentado que sofreu e, no dia seguinte, outro estudo do maior instituto brasileiro do ramo diz o contrário.
Afoitos podem dizer que a diferença é inexpressiva, de 26%(Ibope) para 24%(DataFolha); não é nem um pouco inexpressiva por um fato muito simples: o estudo DataFolha diz que o candidato subiu dentro da margem de erro(22 a 24) depois do atentado, enquanto que o Ibope afirma que o líder subiu além disso(22 a 26), pois sua margem de erro sobe aos 28% neste momento, contra 24% dentro da margem anterior. Isto sem levar em conta que Jair Bolsonaro tem 23% de menções na espontânea, o que é um índice muito alto, pois Lula aparece com apenas 8%.
É fácil de entender que a rejeição ao Capitão da Reserva tenha caído 3% para o Ibope, já que ele foi vitimizado. Difícil é entender porque subiu na consulta DataFolha, que mostra dados difíceis de se explicar, pra dizer o mínimo. Nele, Cabo Daciolo teria 1% das preferências, enquanto Eymael está zerado. Ok, talvez seja um retrato fiel da situação de ambos, mas neste caso como explicar que estes ilustres desconhecidos do eleitorado tenham rejeição de 19%(Daciolo) e 17%(Eymael)? Como alguém pode confiar numa pesquisa eleitoral que afirma termos 2 candidatos que ninguém sabe quem são, ou não se importa com sua existência, acumularem 36% de rejeição?
Os números gerais de ambos levantamentos são antagônicos, pois DataFolha diz que não houve crescimento significativo do candidato líder nas pesquisas, enquanto Ibope garante que o crescimento depois do atentado é sim, significativo. Basta olhar os gráficos para se ver que a única folha do estudo em que Bolsonaro não cresce é a do Nordeste, já que seu crescimento foi substancial até entre pretos, pardos e mulheres. O segundo candidato com crescimento mais significativo no período foi Haddad, que mesmo assim caiu entre o eleitorado de “raça branca”, seja lá o que isso signifique no Brasil e aqueles com renda superior a 5 salários. O mais impressionante é que a vítima do atentado em Juiz de Fora já ultrapassa Marina, que se diz mulher negra, entre este eleitorado, segundo o Ibope.
São 2 dias ouvindo todos os tipos de disparates sobre a publicação e uso que a mídia fez destas pesquisas. A realidade é simples: todos erram quando colocam uma pesquisa eleitoral como algo definitivo. Ela não passa de um retrato do momento e como tal deve ser olhado e esmiuçado por quem tiver interesse. Até a publicação da próxima. Lembrando que acertos não tem sido o forte dos institutos de pesquisas nacionais, mas apenas dos regionais.