Pesquisar este blog

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Taxi Também É Cultura

 Originalmente publicado em 8/7/2019

Na caminhada matinal deste Domingo cruzou por mim um dos motoristas de taxi que viraram marca na cidade onde nasci e me criei. Um personagem folclórico, que dirige e conduz passageiros há décadas vestido de gaudério, sempre com trilha sonora regional, hj já com frondosa barba branca sobre o lenço Colorado. Uma figura. Sempre que tem algum evento internacional em Porto Alegre, algum canal de TV faz matéria com ele.
Lembrei imediatamente de outro taxista que sempre vira matéria, ou no Dia Internacional do Rock, ou quando Paul MccArtney vem se apresentar na Capital Gaúcha. É o motorista beatlemaníaco, o John Lennon do taxi. Seu carro é todo embandeirado de imagens dos Beatles, usa cabelos compridos como na década de 60 e seu playlist é exclusivo do “fab 4”. Outra referência importante e quem já fez uma corrida com um, ou com o outro, sabe que a longevidade de ambos no transporte de passageiros concedido em Porto Alegre, vai mto além do folclore, pois prestam serviço de qualidade, com bom humor, contando boas histórias, carros limpos e com manutenção em dia.
Quem é mais antigo, talvez lembre um um motorista de taxi ainda mais folclórico, de tempos idos. Menos temático, mas com uma trilha sonora absurda, que deixaria os “Millenials” de orelhas em pé. O rádio do seu carro era de Ondas Curtas e ele passava dia e noite ouvindo emissoras de outros países. Lembro de uma viagem com ele onde começou com uma rádio da Inglaterra. Eu dividia a corrida com outros 2 colegas e o motora perguntou se eu sabia de onde era a transmissão que ouvíamos. Acertei na mosca, ao que o condutor trocou de estação e ao encontrar no dial a próxima, repetiu a pergunta. Era fácil: Rádio Mitre, Argentina. Ele não se deu por vencido e trocou de novo, dessa vez com grau “hard” de reconhecimento. Fui obrigado a arregar e comentar: “bah, parece alemão, mas não tô conseguindo entender quase nada…” Ele finalmente deu um sorriso de satisfação e comentou: “tá vendo guris, vocês não estudam e querem cantar de galos. Essa é a Rádio Nederland, que transmite em holandês”. Não deixei barato e respondi: “tem razão, afinal tenho 14 anos e até hj só tive tempo de estudar e tentar aprender inglês, espanhol, alemão e francês… nem cogitava em aprender holandês”. Os amigos recuperaram um pouco do orgulho ferido e o motora parou de trocar de estação.
Taxistas diferenciados fazem um ponto cultural diferenciado no dia-a-dia da cidade

terça-feira, 6 de julho de 2021

Oswaldo Eustáquio Conta Pela 1ª Vez O Que Sofreu Na Prisão

Entrevistei ontem, 5/7/2021, o Jornalista Oswaldo Eustáquio. Minha primeira pergunta foi: “você estudou Comunicação e se formou em Jornalismo?” A resposta foi “sim, cursei faculdade por 4 anos e me formei Jornalista em 2008. A segunda pergunta foi: “você registrou o diploma no Ministério do Trabalho e FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas, órgãos que conferem a certificação da profissão?” A resposta também foi positiva, confirmando que não só é Jornalista profissional há 13 anos, como é Pós Graduado e premiado, inclusive pelo Sindicato dos Jornalistas do Paraná, seu estado natal. Então por que raios a extrema imprensa insiste em o (des)qualificar como  “blogueiro”?

Quando tocamos no assunto, a meu lado na entrevista estava o Jornalista Júlio Ribeiro, da Press Advertising e Rádio Guaíba, o comentário de Eustáquio foi: “a esses veículos da extrema imprensa que tentam me qualificar como blogueiro, quero dizer que não tenho nada contra a ocupação. Eles podiam me dar um blog pra eu escrever que eu me tornaria blogueiro com prazer”.


O Jornalista paranaense, residente em Brasilia, informa que sempre circulou facilmente por todos os meios, até 2014, quando passou a defender sua posição contra a esquerda e o governo do PT. A partir dali deixou de ser aceito e passou a ser alvejado em todas as mídias. Este processo de assassinato de reputação culminou em Junho de 2020, quando Alexandre de Moraes determinou sua prisão por supostos “atos contra o STF”. Eustáquio passou 1 ano e 5 dias preso por conta do inquérito dos “Atos Anti-Democráticos”, algo que surgiu por conta de uma “fake news” criada por um deputado federal que já admitiu ter inventado tudo. 


Hoje usuário de uma cadeira de rodas, contou durante a entrevista, pela primeira vez, como tornou-se paraplégico na prisão. “Quando eu chego no presídio, eles me levam para a cela 13, coincidência ou não, das 14 daquela ala, contendo algo como 35 detentos cada, embora sejam feitas para 8. Um agente penal disse: ‘você é  um animal’ e não aceitei e disse ‘você que é…’ foi quando levei a primeira porrada e aí me colocaram num corredor polonês com mais de uma dúzia deles. Fui vítima de uma prática chamada de ‘extração’, um te pega um braço e torce, outro pega no outro braço e torce, um te pega o pescoço e sufoca… Na Papuda eles dizem que o sujeito que aguentar isso por 45s é ‘homem’. Machucado, ensanguentado fui jogado na solitária. Naquele momento faltou água na Papuda e só voltou 2 dias depois. Quando eu fui tentar tomar um banho, estoura o chuveiro. Fui tentar arrumar e estoura o cano do chuveiro e começa a inundar a solitária. Eu subo no vaso pra tentar arrumar, caio e perco os sentidos e sou retirado de lá inconsciente. A partir desse acidente eu não senti mais as pernas. Fui levado para o Hospital de Base, de Brasilia e aí começou meu périplo. Atualmente estou fazendo 4 horas de fisioterapia por dia, já consigo mexer um pouco os pés e pernas, mas ainda não consigo me sustentar de pé, mas se precisar, eu vou pra cima deles de cadeira de rodas mesmo.”