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quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A Liberdade, o Estado e a Argentina

O Estado não passa de um acólito de “gangues de assassinos, saqueadores e ladrões, rodeada de carrascos voluntários, propagandistas, bajuladores, vigaristas, mentirosos, palhaços, charlatães, imbecis e idiotas úteis – (o Estado é) uma instituição que suja e macula tudo o que toca.”

Hans-Hermann Hoppe


O Estado tem sido, historicamente, o violador de direitos humanos mais socialmente danoso que existe. Toleramos que ele defenda os nossos direitos apenas para depois descobrir que o Estado é a principal ameaça aos nossos direitos. Se vc acredita que o Estado é fundamental para justiça, direito e segurança… perdeu. Devemos, portanto, enfatizar a ideia de que “nós” não somos o Estado; o governo não somos “nós”. O Estado não “representa” de nenhuma forma concreta a maioria das pessoas. O Estado é a organização social que visa a manter o monopólio do uso da força e da violência em uma determinada área territorial; especificamente, é a única organização da sociedade que obtém a sua receita não pela contribuição voluntária ou pelo pagamento de serviços fornecidos mas sim por meio da coerção.

Toda e qualquer guerra é uma decisão de Estado, jamais de uma pessoa. Claro que no Brasil tem alguns que ainda acreditam em “le stat c'est moi”, afinal por aqui não faltam aprendizes de sátrapas. Esquecem que para todo déspota sempre há uma guilhotina. Se o Estado incorre numa dívida pública que tem de ser paga através da cobrança de impostos sobre um grupo para benefício de outro, a realidade deste fardo é obscurecida pela afirmação de que “devemos a nós mesmos” (ou “a nossa dívida tem de ser paga”); se o Estado recruta um homem, ou o põe na prisão por opinião dissidente, então ele está “fazendo isso a si mesmo” — e, como tal, não ocorreu nada de lamentável.

Se você defende um Estado grande, generoso, paizão, é isso que está defendendo. Definitivamente isto não é o que defende o pensamento libertário. Libertários não defendem o Estado, tal qual estamos acostumados a conhecer, mas sim outra forma de organização bem mais simples e sem amarras. Por concepção lógica, quem defende o anarco-capitalismo não pode ser de esquerda, tampouco de direita. 

A noção de “anarco-capitalismo” está fora do binário esquerda/direita. Anarquismo não significa ausência de lei, de normas; significa o direito como uma extensão da vontade humana e da evolução social, em vez de uma imposição a partir de cima. A ordem é a filha da liberdade, não a sua mãe. Já citei aqui o exemplo sugerido pelos economistas da Escola Austríaca, que defendem a estrita aplicação dos acordos contratuais voluntários entre os agentes econômicos, e afirmam que transações comerciais devam ser sujeitas à menor imposição possível de forças coercitivas como as Governamentais e/ou Corporativistas. Defendem, por exemplo, o “free banking” (sistema bancário sem regulamentação e com emissão de moeda privada). 

Tenho ouvido com estafante frequência, desde que iniciou o processo eleitoral na Argentina, ser Javier Milei um perigoso membro da ultra-direita(seja lá o que isso quer dizer), por suas falas, estilo e ideias projetadas. Pois vos digo: quem não é de direita, não pode ser ultra-direita e o Presidente eleito para comandar a Casa Rosada, a partir de agora, não é. Ora, nem Reagan ou Thatcher, por mais abrangentes que fossem as suas reformas, sequer cortaram o orçamento em geral; muito menos aboliram de fato agências inteiras. Esses sim, eram de direita, ambos conservadores. Milei defende o anarco-capitalismo, retirando do Estado o máximo possível da capacidade de intervenção e coerção sobre o indivíduo, ou sobre os atores que fazem a economia e a roda girar. Retirem as amarras causadas pelo Estado e esta roda vai girar mais rápido e de forma mais precisa. LIBERTAD CARAJO!