Pesquisar este blog

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Elas e Eu

Não lembro certo se foi pelos 3 ou 4 anos de idade que me dei conta que não podia viver longe delas, as meninas. Só que, desde aquela época já sabia que nem todas. Tem um tipo delas cuja companhia eu dispenso desde sempre.
Em frente à nossa casa, na Bordini, onde hoje existe um super mercado, morava o fundador do Hospital Getúlio Vargas, dr. Velasquez, abençoado por ter uma penca de filhas. Para minha sorte a filha mais nova, Heloísa, era a mais bela e da minha idade. Eu atravessava a rua pra lá, cuidando com os bondes, e brincávamos juntos amiúde. Os fundos da casa dela davam pra, Xavier Ferreira local tranquilo, com pouco trânsito, que descia até a Mata Bacelar, também pacata e com alguns terrenos com espaço suficiente pra criançada brincar, especialmente próximo à Tahnhauser. Minha vizinha conhecia todas as meninas de nossa idade do entorno e eu acabava me enturmando. A mãe dela se dava muito bem com a minha, o que facilitava tudo.
Minha mãe, Carioca, sempre levava os filhos ao Rio, nas férias que naquela época ocupavam 4 meses do ano. A irmã dela morava na serrana Petrópolis e tinha duas filhas, uma delas nascida 2 dias antes de mim, para desespero de minha avó que teve de fazer uma escolha de quem acalentar no começo daquele mês de abril de 1959. Por ser da mesma idade de uma das primas, passávamos temporadas inteiras juntos e elas tinham primas do outro lado da família também na mesma idade, fora as amigas. Então, desde onde minha memória alcança, tenho o hábito do convívio com as gurias. 
A maior parte desse convívio quase sempre é só alegria, mas -e sempre tem um “mas”- tem um tipo que se eu pudesse, passava ao largo. São meninas que não aceitam ser contrariadas. As coisas têm de ser feitas somente e exatamente do jeito que elas exigem. Caso contrário elas emburram imediatamente, te chamam de criança e começam a gritar. Imagine uma pessoa com 3 anos de idade chamando alguém de criança? Achando que por conseguir conquistar coisas com os pais através de birra, vai conseguir determinar as coisas também do lado de fora da cerca?
Gasta-se muita energia com pessoas assim. O problema é que elas crescem e vão até o fim de suas vidas com essa conduta. Na adolescência elas agem como se fossem quase Miss Universo pretendida em matrimônio por um trilionário nórdico, mas vc, com a mesma idade não passa de um crianção. A gente cresce, o tempo passa, olha as fotos preto e branco das turmas de colégio e vê só pirralho e pirralha, mesmo que algumas se julgassem adultas. 
Chega-se aos bancos de faculdades e ela ainda não casou com um magnata, mas como os meninos já apresentam barba, o argumento evolui para: cresce, amadurece ou o mais “adulto” de todos que é o “vai te tratar”, referindo-se à psicanálise. E assim elas seguem a vida até bem velhinhas, sem terem se tornado milionárias, mas ainda tentando impor sua vontade na força, no grito e desqualificando a maturidade dos guris que apenas se esforçaram para lhes mostrar que a vida pode ser ainda mais leve e alegre.
Nem adianta ponderar; elas emburram, ficam iguais a mula quando empaca. Já as mulheres sábias aceitam o contraditório como se não o tivessem ouvido, sorriem e aguardam o momento de mostrar que sabem o caminho mais inteligente e… assumem o comando com o charme e a soberania de quem sabe o chão onde pisa, o destino e o rumo a ser trilhado.
Eu amo as mulheres desde que me conheço por gente e delas necessito como o ar que respiro, mas evito as mulas. Estas são uma perda de tempo.