A data era de 17 de março 2020. Lembro claramente pois foi o dia em que mandaram fechar tudo na Capital Gaúcha. Eu tinha consulta médica, de rotina e fui aprovado em todos exames, com louvor. Saí do consultório bem contente e lembrei que o Caçula, residente a duas quadras dali, seguia sem aulas na faculdade. Liguei e convidei pra um cachorrinho na Princesa, ao que ele prontamente apareceu na minha frente.
Lanche feito, pedi ajuda a ele pra me acompanhar na compra de uns acessórios para o iPhone novo que recebera no dia anterior, que veio da fábrica pelado. Assim fomos numa loja ali na Salgado Filho onde uma boa vendedora ofereceu uma série de produtos. Comprei o que era necessário e fomos até o Tuim beber um chope, pois tinha certeza de que tudo fecharia ao fim daquela tarde, para ninguém saber quando, ou se, reabririam. Assim fizemos. Foi ótimo e divertido.
Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar em casa, na hora em que abri o computador, na primeira rede social que olho, vem o anúncio de um fone de ouvido, no qual eu estava interessado. Como não acredito em coincidências, guardei aquilo. No fim de semana o Caçula foi almoçar lá em casa e comentei o acontecido com ele, que definiu: “claro, tu conversou com a vendedora da loja sobre estar precisando de um fone de ouvido novo para teu iPhone…”
A partir daquele momento eu já tinha certeza do preço que se paga por termos essa vasta e intangível rede de amizades de forma gratuita. Nada é de graça e as “Big Techs” que controlam nossas redes são, ao mesmo tempo, as empresas que mais faturam na história do nosso planeta. Aí fica fácil chegar à compreensão de que se elas não cobram pelo serviço que prestam, como ganham tanto dinheiro? O serviço que prestam é de graça porque o produto a ser vendido é o usuário. Sim querido amigo virtual: cada vez que confessamos um desejo de consumo próximo a algum dos aparelhos dotados de Inteligência Artificial -celular, tablet, note ou smart TV- o que falamos é transformado em dados, passado às redes em forma de criptografia em seus “data centers” que encaminham um leilão ao mercado pra ver quem dá mais por aquela informação. Tudo isso feito quase que instantaneamente. Da próxima vez que acessar uma rede pelo cel, ou computador, vai receber um anúncio, ou link sugerido especialmente para você.
Não vá pensando que isso é alguma teoria da conspiração. É apenas a forma de “monetização” descoberta pelas “Big Techs” que, infelizmente, passou a ser usada como arma política, assunto do qual não devo falar por aqui, senão tomo mais um banimento por “contrariar as regras da comunidade”. Apenas recomendo o documentário da Netflix, “O Dilema das Redes”. Nele você vai ver isso explicado por gente que desenvolveu o sistema e as plataformas
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