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domingo, 1 de novembro de 2020

Do Pasto Para o Campo, o Boi Corneta Segue Mugindo

 "Corneteiro. Torcedor que, sempre insatisfeito, se sente no direito de exigir a demissão do técnico e critica jogadores. A origem está na cultura dos boiadeiros –vem de boi-corneta, animal que, com os mugidos, reúne o rebanho em torno de si"

Não importa o que aconteça, o corneteiro está sempre com a razão. Não importa o bom senso, a lógica, a amizade ou a harmonia necessária em qualquer coletivo: o corneteiro está com a razão então ele tudo pode. Especialmente vociferar asneiras em alto e bom som, ou em letras garrafais pelas redes sociais.
Sinto-me como um parvo quando tento argumentar com um corneteiro; ele não quer discutir, apenas quer que os demais saibam que ele está com a razão.
Neste Domingo encerrou o 1º turno do Brasileirão e qual time é o Campeão? Ah, Ok, aqui não é como na Argentina, onde quem termina a 1ª fase do campeonato é declarado Campeão do "Apertura", mas só 1 chegou na liderança ao final de 19 rodadas: o Glorioso Sport Club Internacional, de Porto Alegre.
Mesmo assim, desde ontem os corneteiros de plantão pedem a cabeça do técnico que trouxe esse time todo desfalcado, recomposto por reservas de segunda, ao 1º lugar. Com certeza devem querer a demissão do treinador argentino, provavelmente exigindo a contratação do primeiro brasileiro que dirige algum dos times que chegou atrás do Inter..? Oh wait, mas o 1º técnico brasileiro entre os melhores classificados até agora é Odair, do Fluminense, que há um ano treinava meu Inter e que, os corneteiros conseguiram derrubar, pois levava aquela equipe de pangarés ao 3º lugar do campeonato, com vaga garantida na Libertadores, mas isso não bastava. Os corneteiros conseguiram derrubar Odair e, por pouco, não retiraram o Inter da principal competição internacional, a única que dá direito a ser Campeão Mundial.
Adoro os corneteiros, porque eles não precisam ter compromisso com a verdade, ou com o futuro. Observam, comentam e vociferam seus vitupérios ao vento, como se verdade única e incontestável fosse. Ontem meu Inter perdeu para o Corínthians e os corneteiros de plantão pediram a cabeça de Coudet. Hoje meu Inter é Campeão do 1º turno do Brasileirão e, adentrando o 2º turno, segue líder.
Segue o líder!!!

sábado, 10 de outubro de 2020

Um Cachorro e Um Par de Gatos

Era madrugada e eu voltava pra casa, da esbórnia. Costumeiramente passava no Zaffari da minha rua e trucidava um cachorro-quente -naquela época ainda não chamava "hot dog"- coberto com td, que aplacava boa parte da bebedeira. Saudades dos tempos em que supermercado virava a noite e com lancheria aberta.

Naquela meia quadra de caminhada que separava o supermercado da minha casa, com aquele silêncio da madrugada. Dava pra ouvir nitidamente o bater de meus passos na calçada. Sim, em minha adolescência calçava sapatos nas atividades sociais, tipo sair à noite... toc, toc, toc!

Quando estou chegando em casa ouço miados. Muitos miados. Finos, agudos e repetitivos. Olho para o outro lado da rua e vejo 2 filhotes felinos no meio da rua. Pensei imediatamente que eles corriam perigo, pois virariam pano de chão no exato momento em que um carro passasse pela rua. Lá foi o samaritano de plantão na madrugada resgatar os bichanos.

Eles correram ao me ver e se abrigaram no jardim da casa em frente, de onde vinham muitos outros miados. Entrei atrás deles. Naquela época as casas não eram gradeadas e os portões ficavam abertos. Abaixei e saí engatinhando pela floreira em busca dos filhotes.

No exato momento em que os encontro e pego, ouço o barulho na rua, de várias viaturas da Brigada chegando e parando no local. É o momento em que me ergo novamente e saio de uma casa que não é minha, no meio da madrugada, onde eu estava oculto atrás do pequeno muro, em meio aos arbustos. Com um gatinho em cada mão. Vai explicar...

Eram 3 camburões. À época, brigadianos usavam capacetes de aço e portavam cassetetes, além do trezoitão. Tive de encarar, não havia alternativa. Eu estava a menos de 10m da minha casa, do meu quarto, da minha cama -"so close, so far". Desde então, não mais me envolvo com felinos

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Roteiro Para Filme de 007

Assisto filmes da franquia do agente secreto britânico desde que a obra de Ian Fleming foi levada às telas, há mais de meio século. Sempre me chamaram a atenção os vilões dos filmes. Todos têm duas características em comum: querem dominar o mundo e não se consideram malignos, apenas querem “consertar” nosso planeta. Mesmo que para isso o extermínio de milhões de seres humanos se faça necessário.
Vamos imaginar um roteiro para filme de 007 onde nosso vilão pretenda consertar os humanos, através de uma forma de controle que possibilita a reprogramação de nosso código de RNA -que vc sabe ser composto por apenas uma fita produzida no núcleo celular a partir de uma das fitas de uma molécula de DNA. Tal reprogramação aconteceria dentro da fita de RNA, graças a uma enzima -o super vilão teria um séquito de jovens, belas e superdotadas lutadoras, tipo aquelas de filme do Tarantino chamadas Enzimas; Adenina, Citosina, Guanina, Uracila e mais temida de todas Luciferase, que evidentemente usa lentes de contato vermelhas, tem a língua bifurcada e implantes em forma de chifre prateados, destacando do cabelo curtíssimo cortado por máquina 2, na mesma cor dos olhos… ah e que solta raios de uma luz estranha.
As alterações genéticas seriam feitas por nanochips implantados através uma vacina e seriam capazes de alterar as sequências dos bastonetes dentro da fita de RNA, adequando cada célula humana a se portar diferente quando atacada por um vírus, por exemplo. Em tese uma cura perfeita, pois o código genético deste novo ser humano teria essa capacidade mutacional para adequar a reação contra as doenças. Até aí seria positivo para a população mundial, mas a gente conhece bem os vilões dos filmes de 007. Sempre existe a parte em que se entende a conspiração e o mesmo nanochip que cria a solução contra doenças mortais, tb pode reprogramar o código genético da humanidade para que esta melhor acatar a Nova Ordem Mundial. E a enzima Luciferase seria a responsável pela luminescência especial de uma tatuagem invisível a olho nu, mas que pode ser detectada através de um raio emitido por aplicativo de celular. Ao todo, 7 Bilhões de seres humanos carregariam a tatuagem virtual, como gado marcado, pra garantir a fiscalização da vacinação em massa. Claro que para contar com a adesão de toda população mundial, o vilão do filme teria de criar um pandemônio, com nome de pandemia, matando milhões de pessoas e contando com incondicional apoio da mídia e governantes corruptos. Assim todos vão querer tomar a vacina no momento em que ela surgir. Para os rebeldes que se negarem a serem marcados como gado, nossos governantes corruptos decretarão que quem não tiver a marca não poderá viajar ou hospedar-se em hotéis, usar transporte coletivo, ou frequentar locais públicos; terá de passar o resto da vida em eterna quarentena e distanciamento social.
Teoria da Conspiração? Roteiro cinematográfico?? E se em vez da organização vilã ter um nome malévolo como Spectre, se chamar Fundação Bill e Melinda Gates??? Afinal, um dos homens mais ricos do planeta vem investindo em pesquisa de vacina contra pandemia respiratória desde 2015 e sua organização já investiu centenas de milhões de Dólares, desde 2011, no desenvolvimento da improvável tatuagem invisível feita com Luciferase. Ou não (https://www.gatesfoundation.org/How-We-Work/Quick-Links/Grants-Database/Grants/2011/10/OPP1040399)

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Obrigado Mamãe

(sugestão de trilha sonora https://www.youtube.com/watch?v=mpDHQVhyUrY)
Tenho motivos pessoais, de sobra, para me sentir emocionalmente envolvido com o mês de Agosto. E o primeiro e mais importante deles chega bem no começo, neste dia 4. Há 1 século nascia, em Niterói, RJ, aquela cujo sorriso iria iluminar o céu da Guanabara, Maria Alayde, minha mãe. É característica daqueles que nascem sob o signo de Leão amar, amar e amar. Foi isso que ela me deu a vida toda: “amorrr” como grafava aquele conterrâneo dela que enlouqueceu após o incêndio do Gran Circo Americano, em terras “Papa-goiaba” e que saiu a pixar profecias pelos muros da cidade existente do outro lado da baía.

Mais de 500 pessoas sucumbiram ao incêndio e muitas famílias foram desfeitas. Cresci sob essa égide, pois era raro o dia em que minha avó não falasse nele. Não havia na capital do Estado do Rio alguém que não tivesse perdido uma, ou mais, pessoas na tragédia. Como mamãe me levava a passar até 3 meses por ano com vovó, ela foi a pessoa em quem mais prestei atenção e ouvi na vida. Pessoa sábia e comedida, pois enquanto esposa de militar e mãe de 4 filhos, fez as contas e viu que o soldo de meu avô não seria suficiente para dar uma boa criação a todos, então decidiu empreender e tornou-se dona de um negócio bem sucedido. Na década de 30, do século passado.
Essa é minha história com as mulheres. Todas que me serviram de exemplo, sempre foram à luta. A aniversariante do dia formou-se Advogada, passou no concurso para o Instituto Rio Branco e foi seguir a carreira diplomática. Em função disso, sempre cobrou dos filhos que honrassem com carinho a “última flor do lácio” e aprendessem o maior número possível de outras línguas. E assim me levou pela mão a estudar inglês aos 7 anos, incentivou a estudar alemão aos 12 e vibrou quando contei pra ela que estudava francês aos 21, não entendeu quando soube que fui aprender japonês aos 34 e voltou a vibrar ao descobrir que aprendia italiano aos quase 50. É leitores, não estudei espanhol: sou gaúcho e das 3 fronteiras do Rio Grande, duas são com países de língua castelhana, logo aprendi por osmose.
Tudo isso graças ao incentivo, carinho, denodo e persistência desta mulher acima da média, em talento, dedicação e sabedoria. 4 de Agosto é o dia dela e sempre lembro com alegria, pois ser criado por alguém capaz de entregar tanto “amorrr”, é o barro do qual fui moldado para tornar-me este ser só de alegria. Obrigado Mamãe!

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Não é o Bolsonaro

Um texto do escritor e conferencista Stephen Kanitz que viralizou nas redes, em especial no Whatsapp (https://blog.kanitz.com.br/crise-politica-2/) fala sobre algo que chamou minha atenção; “essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo.” O axioma do texto procura demonstrar que os detentores do poder reinante nesse país nos últimos 25 anos -a indústria e seus dependentes- estão sucumbindo e quem está assumindo é a agricultura. Imediatamente entrei em contato com um dos jornalistas que mais entende do agronegócio neste país, Horst Knak, da Agência Ciranda e perguntei: “isso faz sentido?” A resposta foi sem rodeios: “TOTAL”.
Gosto do Alemão, não apenas por seu texto fino e bem-posto -quem não conhece pode ver por aqui (https://angus.org.br/…/upl…/2018/05/Angus_abril18_site-1.pdf) mas também porque no seu estilo, não tem “gre-gre pra dizer Gregório”. Embora a opinião dele já estivesse definida, ficamos conversando por algum tempo, quando ele me expôs mais motivos. “O agronegócio é a locomotiva do Brasil e vai multiplicar sua influência na economia e na política, via produtividade e exportações”. Imediatamente lembrei que Kanitz afirma: “quem mandará nesse pais será o pequeno agricultor, e não a FIESP, os Marinhos, os Gerdaus, os intelectuais e artistas da Globo que viram seus impérios empobrecerem de 1987 para cá e nada fizeram.”
Viram como os conceitos se encaixam? Kanitz define que o Brasil está trocando de mãos e que os antigos detentores do poder estão esperneando pra não perderem o controle. “Acho que o agronegócio vai multiplicar seu PIB por quatro ou mais nos próximos 20 anos”, ou seja: “vai multiplicar sua influência na economia e na política, via produtividade e exportações” como disse ali em cima o Knak.
Daí fica mais fácil entender porque tentam tanto destruir a figura do atual governante, que está defendendo novas causas. Quando não é Mariele é Queiróz e agora era Covid, mas já voltou a ser Queiróz; tanto faz, o que importa é tirar o Presidente do Planalto e sentar em seu trono alguém que defenda o passado e o atraso econômico. 
Notemos avanços conquistados a partir do Ministério da Infra Estrutura, que está traçando uma malha continental para escoar nossa produção agrícola, com mais eficiência e menos custos. Esta é a verdadeira transformação que estamos assistindo. O “Mais Brasil Menos Brasília”, é o brado “mais campo menos cidades em decadência”.
Não é o Bolsonaro: é a Agricultura!

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Não Deixe Pra Depois

Ela insistia, gostava, achava normal caminhar comigo de mãos dadas, com os dedos entrelaçados. Eu não apenas não gostava, como morria de vergonha que me vissem naquela situação. Sempre gostei de andar de mãos dadas de conchas; assim foi com meu pai, com minha mãe e com as meninas mais tarde. Jamais tinha visto um pai andar de dedos entrelaçados com o filho, ou filha. Ao mesmo tempo eu gostava de me exibir caminhando com o braço por cima do ombro dela. Loira, alta, praticamente a exibia como um prêmio. Coisa da criação machista desse sul de mundo latino em que nasci e cresci.
Apesar disso fui amadurecendo e aprendendo a tratar das coisas do amor e da relação em casal. Conceder e avançar é a regra do jogo. É o que os namorados fazem até se decidirem um pelo outro definitivamente. O problema é parar de fazer isso, quando tomaram a decisão e deram o passo mais definitivo e depois parar de jogar, deixar de conceder e avançar sempre. Entrar na monotonia, na rotina e não conseguir mais avançar, por ter perdido a habilidade de conceder. É preciso arriscar, mesmo que você tenha medo de perder. Friozinho na barriga é obrigatório para trazer novas emoções. Velhas emoções são boas pra álbum fotográfico, ou pra contar aos netos. Mas uma relação entre duas pessoas que se amam, precisa ter sempre emoções novas. Elas são o combustível que vai manter o motor da relação andando. Portanto não se acomode.
Quando se viaja pelo mundo e se conhece gentes e culturas diferentes, se aprende formas diferentes de amar entre as pessoas. Se aprende que o importante é deixar de lado os preconceitos e frescuras e não ter medo de demonstrar o que sente. Passeando pelas ruas centrais de Johannesburg reparei que os homens andam de mãos dadas. Isso mesmo. Da mesma forma que os brasileiros temos o hábito de andar uns com o braço por sobre os ombros dos amigos, especialmente quando precisamos contar algo ao pé do ouvido, eles andam de mãos dadas e… de dedos trançados.
E eu, cheio de frescura pra andar pelas ruas de Porto Alegre de mãos dadas, tendo os dedos trançados com o amor da minha vida. Não vá perder seu tempo como eu fiz, com bobagens. Rasgue o peito e deixe voar esse amor que está enjaulado aí dentro. Hoje é o melhor dia do ano pra fazer isso. Não deixe pra depois. Ame e seja amado. Você merece, aquela pessoa especial também. O mundo fica melhor com mais pessoas se amando. 
Feliz noite de Santo Antonio a todos!

terça-feira, 9 de junho de 2020

TIJUANA

(sugestão de trilha musical, De Que Me Sirve El Cielo, Omar Chaparro)
Estávamos em Las Vegas para o congresso anual da NATPE - National Association of Television Program Executives, no maior hotel local, o MGM Grand, ao todo 22mil associados presentes. Foram 3 dias intensos, visitando cerca de 600 estandes por dia oferecendo programas de TV produzidos aqui e conhecendo produtos do mundo inteiro. Muito trabalho, pois ficamos hospedados o mesmo hotel onde a feira ocorria, então era acordar, tomar café da manhã e mergulhar no evento, até à noite. Um ambiente onde se é obrigado a falar todas as 7 línguas que aprendeu e a raciocinar na velocidade dos negócios. 
Fila de carros na fronteira dos EUA: vendedores e miguelitos
Ao fim de 3 dias exausto de corpo e mente, precisávamos trocar de ares, sair do hotel, ver outras gentes e tal. Encontramos um Pub de esquina, com cerveja artesanal e boa comida. Os amigos fizeram seus pedidos e eu fiquei quieto. Eles estavam preocupados; jamais haviam me visto quieto. Fizeram os pedidos por mim e, quando chegou a cerveja, brindei com eles, mas não bebi. Ambos se olharam e concluíram: “é grave… o Poli não beber a cerveja de intenso tom avermelhado, servido por uma adorável bartender, é grave.” Quando chegou a comida, tampouco toquei nela e quieto segui. Ao voltarmos para o hotel, os amigos foram ao Cassino beber a saideira e eu fui dormir.
Quando acordei os amigos já estavam arrumando as malas; decidiram enquanto eu descansava que a troca de ares tinha de ser mais ampla. Era hora de abandonar Vegas. Lotamos o porta-malas do Buick e bora pra California. Como eu estava mais descansado, assumi o volante enquanto Valerio e Beto colocavam o sono em dia. Cinco horas depois atingíamos o Km 0 da Route 66, que inicia em Beverly Hills. De lá nos dirigimos ao mar e descolamos um lugar pra passar a noite em Santa Monica. Ainda saímos para um rango e encontramos um local chamado Barney’s Beanery que, como sugere o nome, serve o bom velho feijão amigo, desde 1928. Foi minha primeira refeição em 2 dias e caiu mto bem aquele chillibeans. Mesmo assim surpreendi os amigos, pois mais uma vez não consegui beber cerveja; só entornei um uísque cawboy, afinal estava em um saloon da época do velho oeste.
Acordei antes dos outros e fui caminhar pela praia. Encontrei um restaurante nas areias que estava abrindo. Entrei e sentei ao ar livre e pedi um prosaico Mingau de Aveia. O mexicano que me atendia olhou pra mim e comentou: “situação tá complicada, hein cumpa?” Assenti com a cabeça, pois seguia quieto e ele completou: “esse mingau vai te reconstituir hombre!”
Comi, paguei e retornei ao hotel, onde os parças já jogavam as bagagens outra vez no porta-malas do Buickão cantarolando: “PA-RAN-PA-RAN-PAN-PAN-PAN”. Esta senha eu conhecia e voltei a sorrir: “TEQUILA!” Duas horas depois deixávamos os EUA onde deixei meu mau humor ao atravessar a fronteira. O Sol se pôs à nossa direita, sobre o Pacífico e anoiteceu ao chegarmos em Tijuana. 
Não existia GPS nem tinha um livrinho ou mapa com sugestões de onde ir, até que deparei com uma delegacia de polícia. Parei no meio da rua, deixando o carro ligado em frente ao Distrito, onde entrei e me deparei com um cenário igual ao antigo programa do Ratinho: uma família de um lado, outra do outro. Todos gritando e um policial no meio tentando impedir que partissem pras vias de fato. De um lado um rapaz, do outro lado uma menina com olhar de abandono. A mesma história de sempre. Dei a volta por todos e me dirigi ao policial dizendo que era brasileiro e precisava que ele me desse uma indicação de onde ir. Ele distencionou e sorriu, olhou para aquele bando de barraqueiros e disse: “se matem entre vocês que eu tenho coisa mais importante pra fazer”, e saiu dali me carregando pelo braço. Perguntou se eu estava de carro, respondi que sim e parafraseou o super herói mexicano: “então SIGAM-ME OS BONS!” Saltou dentro de sua possante viatura, ligou os High Lights e enfiou o pé no acelerador, deixando pra trás aquela confusão insana e mergulhando na noite de Tijuana, passando por todos os sinais fechados, comigo em sua cola, até que pára diante de um buteco chamado “MEXICO LINDO” -sim o próprio trocadilho. Apontou para lá e nos desejou felicidade, apertando fundo o acelerador de sua possante e nos deixando pra trás.
Vocês lembram do bar onde se passa a trama de “Um Drink no Inferno”? Era o próprio e ali bebemos nossas primeiras tequilas no solo pátrio da bebida. Conversamos com os circunstantes -não a Salma Hayeck não apareceu dançando com uma cobra, nem Los Lobos era a banda da casa. Então descobrimos que no Centro de Tijuana tinha uma espécie de bairro boêmio e pra lá nos fomos. Deixamos o Buick num estacionamento onde parecia haver alguma segurança para nossas bagagens e descemos a avenida em direção à barlândia. O cenário lembrava a av. Emancipação, em Tramandaí, no auge do verão, com um bar do lado do outro e pencas de gente indo de um para o outro, com a diferença que em Tijuana chega a ter 3 andares, com um bar diferente em cada um, num espaço de 3 quadras. Fomos até o fim daquela sequência de botecos e subimos a escadaria do último, de onde seguranças tiravam pelos pés uma cliente apagada, levando-a até a calçada, enquanto a cabeça dela picava de degrau em degrau. Pareceu ser um bom local para tomar umas.
Momento "Rodriguez mexicano" em Tijuana
A noite de sábado mais louca do planeta -não lembro qual publicação internacional deu esse título à Tijuana- é incendiária. Os americanos residentes em Santa Barbara atravessam a fronteira em busca de mulheres de verdade e as calientes mexicanas adoram a possibilidade de um deles se enamorar e a levar para o outro lado. O mesmo vale para as americanas que atravessam a fronteira em busca de homens do sexo masculino. Isso tudo misturado a maternais doses de tequila e o “Saturday Night” vira algo memorável. As garçonetes vestem cartucheiras carregadas com “shots” e carregam garrafas de tequila em coldres. Se o cliente pede um tiro daquilo, elas jogam tua cabeça no balcão mais próximo, e despejam tequila com uma mão e energético com a outra, goela abaixo da pessoa, até regurgitar, para daí tapar a boca com um pano e chacoalhar a cabeça até o cérebro entrar em órbita. Não é para os fracos, como a menina que vimos sair arrastada em nossa chegada.
Lembrei desse cenário porque venho aproveitando a quarentena para assistir comédias espanholas. O Netflix não tem essa categoria, mas “filmes em língua espanhola”, em cuja aba do cardápio descobri comédias colombianas e ontem encontrei uma mexicana, divertidíssima, chamada “Como Caído del Cielo” e conta a história do cantor Pedro Infante que é mandado de volta do purgatório para reatar seus laços soltos, deixar de lado a canalhice e conseguir fazer a felicidade de uma -uma só- mulher. Seu espírito reencarna no corpo de outro cantor, que imitava seu estilo e interpretava seu repertório com outros 2 “Mariachis” e que estava em coma há meses bem no momento em que mandam desligar os aparelhos que o mantinham respirando, por falta de $$$. O artista é interpretado por Omar Chaparro, que passa o filme todo vestido como Mariachi e foi por isto que lembrei do episódio ocorrido em Tijuana.
Depois daquela desenfreada bebedeira de tequila, o dia seguinte foi complicado. Ressaca mexicana não é um passeio no parque. A manhã dominical foi densa como a neblina em Porto Alegre. Difícil até de respirar. Tentamos passear no Brique local, mas não havia sequer humor para isso. Não restava muito a fazer senão começar outra vez. Encontramos um botecão daqueles onde nem os vilões de “Um Drink no Inferno” cantariam de galo. Até os cães andavam armados ali. Sentamos e esperamos por atendimento. Lá pelas tantas chega uma tiazinha vestida igual à “Dona Florinda” e quando pedimos uma cerveja ela foi reta: “bebida só se pedirem comida”. Só faltava essa, então perguntamos o que tinha para comer e ela: “sopa de birria”. Nem sabíamos se tratar de um pato típico feito com carne de cabrito, pois nos foi servido em pratos de plástico azul, semi-transparente. Baixamos as cabeças tentando encarar a gororoba e quando as erguemos novamente, onde estava o Valerio? Ele tem essa capacidade transmutacional de desaparecer por alguma fenda dimensional, vez em quando, mas sempre volta.
Dessa vez voltou acompanhado de 3 Mariachis e, ao chegar com eles à mesa pediu em alto e bom som a atenção de todos os presentes. Comecei a abaixar pra me esconder embaixo da mesa, quando notei que Beto fazia o mesmo, enquanto seguia o discurso: “queria dedicar a todos ustedes una canción de my infância… la Canción Mixteca”. Dito isso e os músicos começaram a tocar ante o estarrecimento de todos os comensais e Dona Florinda. Encerrada a introdução melódica e quem começa a cantar, para espanto de todos, mas não nosso, era o nosso amigo: “tan lejos que estoy del suelo donde he naciiiido…” foi quando começou o tiroteio. Não eram tiros de uns contra os outros, mas tiros ao teto, de festejo. Todos se emocionaram, gritavam e uivavam, como bons mexicanos. O cantor Mariachi fez coro ao nosso amigo e todos saímos abraçados… e vivos do local.
Dali rumamos ao Buick e bora voltar aos EUA, que o finde já deu o que tinha que dar. Só não sabíamos que, ao chegar na fronteira enfrentaríamos o martírio de algumas horas parados na tranqueira, pois todos os carros e documentos são verificados por policiais aduaneiros e farejados por cães treinados. No local existe um bom número de vendedores, especialmente de alimentos. E miguelitos, que são melecudinhos mexicanos tentando achacar algum dos “gringos”. Tentei contrabandear um para o território americano, porque naquele calor e com o motor desligado estávamos com as janelas abertas quando um miguelito colocou as mãos sobre um das janelas do Buick. A fila andou, liguei o carro e o ar condicionado e fechei as janelas. O miguelito ficou dependurado. Os policiais viram a cena e foram chegando às gargalhadas. Pediram nossos passaportes e, quando viram que éramos brasileiros passaram a rir ainda mais e ainda tocaram um cão farejador embaixo do miguelito que gritava: SEÑOR SEÑOR..!” A poucos metros do ingresso na terra do Tio Sam abri a janela e soltei o miguelito que saiu correndo e não foi mais visto.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Chegamos ao Fim

Td indica que desta vez seja mesmo o apocalipse. O sul do mundo vive a maior seca em década e meia. Nosso RS perdeu quase metade da safra agrícola em função da estiagem. Mas isto não é o fim do mundo, seria mto bairrismo. Tá certo que nós gaúchos somos mto bairristas, mas não reparar o que se assucede na periferia da grande Alegrete -que se estende da Siberia, passa pelas estepes canadenses até encontrar o Mar do Norte e, a sul vai da Patagonia à Tasmania, englobando o Cabo da Boa Esperança- seria egocentrismo gaudério. Afinal a periferia da terra gaúcha, além de bugingangas e enlatados -que sequer foram produzidos ali pros lados de Santana- agora deu de nos enviar uma tal de Pandemia. 
Ou seja: os viventes estão morrendo feito moscas planeta afora e vai faltar comida. O que ainda falta para decretar o Armagedom??? Sermos governados por gestores públicos capazes de destruir o sistema produtivo e gerador de receitas que movem a economia, quebrando a todos, só pra superfaturarem em compras de emergência? Bah, já acabaram com coisa bem mais importante que a economia, afinal acabaram com o futebol. “Ain… mas tem jogos acontecendo na Alemanha”. Claro, claro, mas para Colorados, Xavantes, Auri-Cerúleos e tricolores, jogo de futebol sem torcida no campo é que nem cavalo sem esporas; vc olha ele no campo e é igualito a um bagual encilhado, mas não serve pra cavalgar. Serve pra que então? Pra uruguaio fazer salame? Pra francês comer em bifes?? Futebol sem torcida é o fim da várzea.
Que soem as trombetas do Novo Aeon. A Era de Aquário começou pra liquidar com td o que conhecemos; “a vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo, não vejam; e ouvindo, não entendam”. Chegamos ao fim.


E não me perguntes onde fica o Alegrete

terça-feira, 26 de maio de 2020

Voz da Experiência; Voz de Sabedoria

No dia 17 de Março eu tinha agendado consulta médica, ali na volta da Santa Casa, bem no início da tarde. Logo em seguida saí, pois era só pra solicitar os exames de rotina e liguei para o filho Caçula, que mora pertinho dali. A faculdade dele já havia paralisado as aulas e perguntei se queria comer um cachorrinho na Princesa; ele disse que não sabia onde era isso, mas que pra cachorro quente eu podia contar com a parceria dele sempre. Em seguidinha ele apareceu, atravessamos a Praça Dom Feliciano e fomos até a rua da Praia, onde ele ficou conhecendo o melhor lanche no estilo “hot dog” de Porto Alegre. Tinha recebido meu iPhone novo e precisava comprar alguns acessórios, então pedi a ajuda dele: sabe como é, a gurizada sempre tem ideias mais descoladas para esse tipo de coisa.

Descemos a rua da Praia até que encontramos o que procurava e, como já estávamos no Centrão e, com sede, fomos até a rua da Ladeira beber um chope, pois ainda era verão no sul do mundo e, ao chegarmos ao Tuim, uma visão inédita e desoladora: só a Polaca estava lá -acho que ela mora lá. Éramos os únicos outros clientes. Ficamos de papo com o proprietário André e os garçons, pois ninguém tinha nada pra fazer mesmo. Comentei que acreditava no fechamento do comércio, por parte da Prefeitura. O André falou que, por ele, não fecharia: “trabalho desde os 15 anos, Poli, não sei fica parado”. Dito e feito; naquela noite Porto Alegre foi a “lockdown” por conta do Decreto 20.505. Era o começo desta tragédia que acabou com a alegria e tantos estabelecimentos comerciais e seus respectivos empregos na Capital Gaúcha.

No dia seguinte, ainda sem saber o que estaria aberto ou não, arrisquei ir até o supermercado do bairro, que estava aberto. Fiz minhas compras e reparei que além de mim, somente os funcionários e quase ninguém mais portávamos máscaras. Entre os consumidores, uma senhora com idade para ser minha mãe chegou atrás de mim da fila. Imediatamente ofereci a ela que passasse por mim, mas ela agradeceu, sentou-se no banco disponível no caixa preferencial e respondeu: “esta é a única distração que terei o dia todo; sou aposentada”. Notei o sotaque de alemoa da colônia e ela prosseguiu falando: “sou enfermeira e já passei por muitas epidemias e garanto que esta vai demorar a passar; ninguém sabe como lidar com ela”. Comentei que laboratórios do mundo todo buscavam uma vacina, ao que ela replicou ato contínuo: “a salvação está no plasma; é o plasma que vai salvar quem sobreviver”.

Fiquei com aquilo na cabeça, pois estava ali escutando a voz da experiência. Na primeira visita do filho que estuda Medicina, comentei o assunto com ele que confirmou a tese, mas alertou que não há capacidade de produção em larga escala. Pois agora, passados 2 meses, descubro que iniciativas por todo o planeta que estão tratando pacientes contaminados pelo Covid-19 com plasma contendo imunidade de quem já se curou e está livre dos efeitos da doença há mais de 1 mês. Descubro ainda que Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, desde o fim da semana que passou está captando doações de sangue de infectados curados, para retirada do plasma com anticorpos e estes serem ministrados em doentes em tratamento. Cada doação salva 4 vidas e  pode ser refeita a cada duas semanas.

A voz da experiência falou mais alto uma vez mais. A alemoa tinha razão: o plasma pode ser a salvação

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Fazendo do Limão a Limonada

Ouvindo uma estação de rádio dos EUA conheci a história fantástica de um negócio que tornou-se gigante, no ato do empreendedor em transformar um grande equívoco numa insubstituível oportunidade. O proprietário de um restaurante em Iowa mandou imprimir milhares de cupons contendo uma promoção para quem o apresentasse no ato da compra, no take away. A oferta era: “12 Chicken Nuggets por 2 Dolares”. Mandou imprimir e distribuir, fechou a budega, foi dormir e, quando chegou para abrir o restaurante pela manhã, haviam filas a perder de vista. Ainda nem tinha aberto sua loja quando recebeu da mão do 1º na fila o cupom promocional onde estava escrito: “120 Chicken Nuggets por 2 Dólares”. Um erro de impressão que não foi percebido antes de mandar distribuir. O que vc faria no lugar daquele apavorado empreendedor em tal situação?
De todos pra quem fiz esta pergunta, ouvi como resposta que informaria tratar-se de um engano, pediria desculpas e anunciaria a impossibilidade de cumprir o que está escrito no cupom. Pois o dono do restaurante, vendo o tamanho da fila, fez uns cálculos rápidos, chamou seu pessoal de cozinha, mandou verificar o estoque de carne de frango. Este estava alto em função da preparação para a promoção e o chefe de cozinha sugeriu que passassem toda aquela carne no moedor, com um redutor na saída da máquina, tipo aqueles de encher linguiça e separassem em pequenas porções, bolinhas que nem croquete de festa. Fizeram a primeira leva de 120 unidades, pesaram, calcularam a despesa nos insumos e chegaram à conclusão de que era viável entregar as 120 bolinhas de carne de frango empanado e frito pelos 2 Dólares.
Assim o empreendedor inventou um produto novo, como alternativa aos tradicionais “nuggets”, ao qual apelidou de “Dots” -é como se diz ponto nos links de internet nos EUA- e criou o que veio a ser um sucesso nacional, passando a vender franquias de seu restaurante e produto, em vez de simplesmente entregar alimento. Em tempo: o empresário afirma ter obtido lucro vendendo os 120 Dots de frango por 2 Dólares. Calma, sabedoria, senso de oportunidade e espírito empreendedor fazem toda a diferença entre o susto da tragédia e uma história de sucesso.
Não consegui confirmar a veracidade desta história, mas que é uma bela lição em tempos de insanidade, isto é.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Divide Et Impera

Muito antigo na experiência política da humanidade, vem do latim a expressão, pois foi usada por Júlio César para criar e dominar o Império Romano. Na década de 1950 os EUA viviam o auge da Guerra Fria e veio a Guerra da Coreia, para onde milhares de soldados das FFAA norte-americanas foram enviados. Um deles, um jovem operador de rádio, tinha o dever de captar e transcrever as transmissões de rádio emitidas pelas forças comunistas da URSS. Seu nome: Johnny Cash.
Poucos anos mais tarde a indústria do disco viria a tornar o jovem cadete radialista em uma das maiores minas de dinheiro da história. Conhecido como “The Man In Black”-quase sempre se apresentava vestindo preto- Cash possuía uma voz distinta dos demais artistas e compunha de forma inequívoca e feroz, canções que falavam direto ao coração, sem temor de falar de coisas “politicamente incorretas”, tipo Folsom Prison Blues, de l955. O sucesso só foi crescendo, até que em 1969 ele é chamado a apresentar seu próprio programa de TV. Em determinado episódio, fez um elogio ao Presidente da República, à época o republicano Richard Nixon, uma raposa que criou a distensão com a China comunista e 3 anos mais tarde sofreu um processo de Impeachment, como resultado do caso Watergate, que o obrigou a renunciar. Nixon adorou aquilo que pensava ser uma bajulação -não era, Cash sempre endossou os Presidentes de sua pátria, fossem quem fossem, independente de partido. Assim sendo convidou “The Man In Black” para uma apresentação na Casa Branca, talvez a maior distinção possível a um artista norte-americano. 
Chegaram a mandar um roteiro de músicas que pretendiam ouvir, incluindo duas aberrações, que nem pertenciam ao repertório de Cash. O artista simplesmente cantou o que quis e, claro, sem incluir os pedidos na playlist. E no 1º programa de TV depois do espetáculo na Casa Branca ainda cantou “Blowin In The Wind”, de Bob Dylan, inimigo jurado dos republicanos e da Guerra do Vietnam desde que os EUA se envolveram no conflito da Ásia. Aliás, foi justamente naquele momento que os acadêmicos de universidades da California e New York passaram a demonstrar o “acerto” da política gramsciana em corromper a sociedade pelas mentes e construir a revolução socialista a partir dos bancos escolares.
Foi a partir dali que se instalou o conflito entre “nós e eles”, que parece persistir até hj e está cada vez mais forte 4 gerações depois. A esquerda socialista incubada no socavão acadêmico, cujos ideias ganharam projeção pelas vozes e artes da contracultura, conquistaram o apoio incontinenti da mídia, formada em boa parte, nos EUA, pelas “ovelhas negras” banidas do sistema pelo Macarthismo, durante a Guerra Fria. Uma das teses mais bem postas em prática pelos “filhos da revolução” foi justamente a de dividir para conquistar. Dividir entre negros e brancos; gays e héteros; gordos e magros ou aqueles que defendem a saúde daqueles que defendem a economia. Td isso não passa de uma técnica de guerra usada desde antes da existência da civilização atual, como diria Sun Tzu: “se você usar o inimigo para derrotar o inimigo, será poderoso em qualquer lugar para ir”.
Diante de tais evidências só me resta dar um alerta: CUIDADO!!! ELES QUEREM VOLTAR

quarta-feira, 25 de março de 2020

Tá Todo Mundo Louco

Tá cada um correndo pra um lado e agindo como se só o seu importasse e isso, decididamente não nos ajuda. Sem falar no uso político descarado por parte da oposição ao governo federal. Sendo que poucos estão dando voz, ou prestando atenção ao que é realmente importante neste momento: o tempo e a observação daquilo que ele nos pode oferecer enquanto passa.
Entre sexta-feira(20/3) e sábado(21/3), viralizou pelas redes sociais a informação de um encontro virtual entre o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e grandes empresários, quando foi feito o pedido de que todos usassem suas influências para paralisar o Brasil até o dia de hoje, quarta-feira(25/3). E isto foi feito com razoável sucesso.
Qual o resultado? A observação passo a passo, hora a hora, dia a dia, já foi tabulada e os dados estão sobre as mesas das autoridades da República a ponto que o Presidente Bolsonaro se apressou a fazer algo que sequer é do seu feitio: requisitou Rede Nacional de Rádio e TV pra dizer que está na hora de buscarmos a normalização gradual da atividade econômica.
A partir desta segunda-feira, devemos manter e reforçar o isolamento das pessoas infectadas, colocar em quarentena pessoas que possam estar infectadas e isolar idosos acima de 80 anos, ou aqueles que apresentam doenças, mesmo que elas não estejam relacionadas com o vírus chinês. Ao mesmo tempo devemos mandar nossas crianças de volta para a aula e abrir as escolas. Fábricas devem ser reativadas, shoppings e padarias devem voltar a trabalhar dentro das restrições recomendadas, mas reabrir e prestarem seus serviços. 
Baseado em que digo isso? Na observação de como foi combatido o coronavírus com sucesso. 
O 2º lugar originalmente atacado pelo vírus chinês, a província de Hubei, na China, sofreu uma intervenção chamada de “Estratégia de Supressão”. No local habitam 60 Milhões de pessoas, população equivalente à da Itália, numa concentração habitacional infinitamente superior à da Lombardia, principal foco da doença na Europa. Houve um bloqueio inicial, semelhante e mais severo ao que houve aqui. Num período curto chegou-se ao pico de infecções e, 12 dias depois começaram a despencar o número de casos confirmados. Há mais de uma semana que Hubei apresenta casos de contaminação comunitária zero e todos os casos descobertos neste período é de gente que veio de fora.
Em Porto Alegre, cidade com 1,4 Milhão de habitantes e densidade demográfica 17 vezes menor que a de Milão, na Lombardia, já tivemos o anúncio de 8 pessoas contaminadas que já apresentaram a imunidade. Este é o ciclo. A partir de segunda-feira(30/3), temos de voltar à normalidade. O tempo que precisava ser ganho já o foi. Agora é hora de tentar salvar a economia e as fontes de trabalho e renda de cada um. Já usamos o tempo a nosso favor. Agora é o momento de usar de bom senso e deixar de lado a insanidade. Não existe vacina; a única forma de adquirir imunidade é depois do contágio. Pessoas vão morrer? Sim, mas muito menos do que tantas que podem morrer de fome se não retomarmos a normalidade

segunda-feira, 16 de março de 2020

COMBATENDO VÍRUS COM HIPOCRISIA

Desde o meio da semana passada a extrema imprensa passou a divulgar massivamente o perigo das concentrações de pessoas, face a pandemia do coronavírus. Um movimento nitidamente orquestrado para que as manifestações populares contra a corrupção não acontecessem. O resultado foi o contrário, com milhões de brasileiros voltando a cobrir as ruas de dezenas de cidades brasileiras, sem medo de serem felizes.
Inclusive na Capital Federal, onde milhares de manifestantes fizeram questão de chegar até o Presidente da República e demonstrar o clamor popular pela luta contra a corrupção. Bolsonaro recebeu os manifestantes mantendo o distanciamento recomendado pelo Ministério da Saúde, por um bom tempo, mas acabou sucumbindo aos apelos de carinho e apoio, terminando por fazer selfies e cumprimentar seus eleitores. 
Ato contínuo, os representantes do Centrão, que comandam a corrupção no Congresso, Botafogo e Batoré, deram entrevistas à noite num evento que reuniu 1.300 convidados em SP, para a inauguração de um novo canal de TV, acusando o Presidente de irresponsabilidade por se juntar ao povão. Provavelmente porque paletó e gravata devem proteger a contaminação pelo vírus com mais eficiência que as máscaras cirúrgicas verde-amarelas usadas pelos manifestantes espalhados pelas ruas de todo o Brasil.
A pergunta que não quer calar nessa guerra de desinformação estimulada pelos poderosos engravatados: o que farão os milhões de brasileiros que precisam se espremer no transporte coletivo para chegar a seus locais de trabalho? As diaristas vão ficar em casa sem receber seus minguados caraminguás com os quais compram o alimento de suas famílias? Parece que presidentes da Câmara e do Senado perderam boa oportunidade de saírem de cena, mas ao insistirem em não resistir às luzes da ribalta, nem perder 15s de fama, deixaram claro que a velha política brasileira prefere seguir combatendo problemas de saúde pública com hipocrisia, em vez de atitudes reais

quarta-feira, 4 de março de 2020

QUATROCENTÃO

Existe uma parte do Brasil que dá certo. É a chamada “locomotiva” desse desordenado país, sempre em via de descarrilhar. Chama-se São Paulo, onde se concentra cerca de um terço do PIB brasileiro, algo em torno de R$ 2,09 trilhão, em 2017, proporcionando R$ 46.412,30 de renda per capita -índice de 1º mundo. Sua capital, onde os gaúchos adoram fazer morada, já está entre as 10 cidades mais ricas do mundo e será em 2025, a 6ª cidade mais rica do planeta.
Ao mesmo tempo o paulistano tem um apego inseparável com o passado, especialmente com seus personagens. Vinha passando pela frente da Prefeitura Municipal, quando vi um bolinho; fui ver e era, ninguém menos que Eduardo Suplicy, atual vereador pela capital paulista, depois de 24 anos como senador da república, distribuindo cumprimentos, selfies e beijos. Contei ao motorista do aplicativo que peguei minutos depois e o comentário foi: “não fez nada em um quarto de século como senador, nada faz como vereador e agora quer ser prefeito; não duvido que se eleja…” Lembrando que a ex-mulher dele, Marta Suplicy, tb é candidata à Prefeitura de si mesmo, já que nenhum partido endossa sua candidatura. Convém lembrar que o apego dos paulistanos a essas figuras do passado, não tem limites e, tanto ela quanto Luiza Erundina, já foram prefeitas de São Paulo e são eternas candidatas em ano de eleição.
Ainda ontem, assistia num canal de TV local, vasta matéria sobre coronavírus, onde um dos médicos convidados para comentar o assunto no estúdio era, ninguém menos que Geraldo Alkmin, aquele que depois de ser Prefeito e Governador por duas vezes, concorreu a Presidente e chegou com 1% dos votos, apesar de ter o maior tempo de Rádio/TV entre todos os candidatos.
Meu pai costumava brincar com o paulistano “quatrocentão”, referência aos 4 séculos de aniversário de Sampa -julho de 1954- onde o dinamismo arrojado do edifício sede do Banespa e seus 161m de altura contrastavam com a Catedral da Sé e suas torres com 92m de altura, inaugurada para celebrar a ocasião. Progresso e apego ao passado se mostram sempre bem nítidos nesta metrópole improvável, onde todo o tipo de arrojo e conservadorismo se mostra provável

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Crônica de Carnaval

Em 1998, uma das musas do Carnaval Carioca, Luma de Oliveira, amadrinhou a bateria da G.E.R.S. Tradição. Para supresa geral a linda adentrou a Marquês de Sapucaí portando, entre suas plumas, paetês e roupas sumárias, uma coleira no pescoço, onde estava escrito o nome do marido Eike. Escândalo geral, em especial para as feminazis. Onde já se viu uma mulher aparecer em público com o nome do marido estampado na coleira? Aliás, a simples ideia de que uma mulher casada portasse uma coleira, já foi o suficiente para ocupar as manchetes e legendas dos veículos da imprensa impressa de então.
Passadas duas décadas, a coleira desceu para o tornozelo e quem a usa é o marido de então, Eike Batista, em sua prisão domiciliar, espécie de alívio para uma condenação a 30 anos de cadeia, pena que iniciou a cumprir em Janeiro de 2017, em decorrência das denúncias de doleiros sobre uma propina de 16,5 Milhões de Dólares ao ex-governador Sérgio Cabral, também preso e condenado a 280 anos pelas mais diversas falcatruas. Neste momento o empresário do Grupo X tenta emplacar uma colaboração premiada com a Justiça e ver se consegue reduzir a pena que lhe foi imposta e retirar a tornozeleira eletrônica.
Luma, que foi motivo de comentários na semana que antecede o Carnaval 2020, depois de publicarem fotos dela aos 55 anos em que ficam nítidas as alterações que o tempo impôs ao seu corpo, retirou sua coleira faz tempo e separou-se de Eike em 2004, tendo após se envolvido em outros 2 relacionamentos estáveis, mas diz que vive só no momento, às custas da poupança que fez como modelo bem sucedida. Já Eike, que chegou a ocupar a lista dos bilionários da Forbes, com quase 1 Bilhão de Dólares em sua fortuna, precisa voltar a demonstrar seu faro para bons negócios, agora sem a ajuda de governos corruptos. Da coleira à tornozeleira… daria um belo enredo de Escola de Samba

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Sê Bem-Vindo Fevereiro

Originalmente publicado em 01/02/2014 
A tarde deste 31 de janeiro caiu com uma chuva de verão, que fez a temperatura despencar quase 10°, com uma precipitação pouco superior a 3mm -antes de se mandar pra Santa, o Caçula fez e deixou um pluviômetro na varanda da Casa Verde, minha humilde residência. Chegar em casa ainda em tempo de assistir o Sol se por e de ver minhas plantinhas sorridentes pela chuva e temperatura amena me fez pensar; generosa essa primeira etapa de 2014. E pensar que o fim de semana começa com a segunda etapa de mais um ano em 12 prestações, faz com que eu fique ainda mais feliz.

Apesar da canícula que quase nos assou em janeiro neste #FornoAlegre, foi um mês tão alvissareiro, cheio de alegrias, novas gentes, idéias que surgem e vêm de todas as partes, possibilidades irrestritas e tantas boas energias, que só dá pra agradecer e esperar cada vez mais alegrias das próximas 11 etapas do ano. 
OK, eu sei que o estado de euforia provocado pela felicidade não é um bom conselheiro, mas quem não gosta de fevereiro? Pô, mês de praia, férias de tanta gente, em especial adolescentes que embelezam qquer ambiente. Ensaios de carnaval e blocos na rua. Alguma licenciosidade e mta alegria no ar. Ah, vai esquentar ainda mais? Coma-se pimenta e entorne-se cachaça ou tequila, como se faz nos trópicos, pois essa mistura faz suar e isso refrigera o corpo. Além de elevar a libido. 
Aliás, a solução para um mês quase indecente quanto o Fevereiro brasileiro, com o calor que está fazendo, é deixar a libido fluir. É parar de fazer jeito, de se fazer e se entregar. Amor com janela aberta é mto melhor que sexo em ar condicionado. Se bem que amar é bom em qquer situação. Portanto, aproveitem Fevereiro, o calor e todo esse clima. A gente precisa se amar. Que seja, então, fevereiro: nosso mês do amor!

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Prefeito Comédia Faz Outra Piada Sem Graça

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr, parece aquele bufão que se vê em necessidade de contar uma piada nova de tempo em tempo, para garantir sua plateia cativa. No ano passado foi o IPTU, sob o pseudônimo de Revisão da Planta de Imóveis. Piada pronta. Projeto aprovado e a prefeitura, nadando em dinheiro que antes desse aumento não havia, gasta fortunas para pagar anúncios em jornais de fora do RS, ao mesmo tempo em que parcela o pagamento dos salários dos funcionários.
Agora a nova piada, sem graça, contada pelo prefeito é de subsidiar transporte coletivo na Capital Gaúcha cobrando de quem vem de carro de fora da cidade, taxando veículos de aplicativo com placas de fora e cobrando ainda por quilômetro rodado. Piada pronta. A menos que o alcaide acredite que as dezenas de milhares de pessoas que enfrentam os piores engarrafamentos da Região Metropolitana para conseguirem chegar em Porto Alegre, aqui trabalhar e gastar boa parte de seu dinheiro, além disso ainda tenham que pagar tributos extras pelo “direito” de aqui entrarem.
Pra que usar da criatividade ao subsidiar o negócio que mais dá lucro no planeta, que é ter uma concessão de linha de ônibus em Porto Alegre? Como por exemplo examinar um projeto de quase 3 anos atrás; autorizar a propaganda nas laterais e no interior dos ônibus como acontece no mundo todo e depositar o dinheiro em um fundo específico para subsidiar o custo da passagem. Lembrando que já o ocupante anterior do Passo Municipal tentou cobrar impostos de veículos de aplicativo, exigindo que eles usassem placas diferenciadas e identificação. Ou seja: os transformaria em taxis. 
Já o prefeito comédia preferiu meter a mão no que não faz sentido, alterando a cor dos taxis do inconfundível Vermelho Ibérico(mais pra laranja), para branco, possibilitando que eles sejam confundidos com tantos outros carros brancos que já rodam por aí. Outra piada pronta.
Esquece o prefeito que os carros de locadoras são emplacados fora do RS por absoluta incompetência de nossos gestores públicos. Afinal, se MG e SC cobram bem menos impostos para emplacar e licenciar veículos automotores, por que não copiar o sistema de tributação deles? Então, como solução, em vez de propor que se baixe os impostos sobre o licenciamento, ele quer aumentar ainda mais os tributos sobre os carros de aluguel e, de lambuja ainda cravar as garras de sua sanha tributária em quem vem de fora pra fazer a roda do dinheiro girar em nossa cidade??? Piada pronta desse prefeito comédia

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Verdewaldo e a Casa de Papel

O Professor da série Casa de Papel, não pega em armas, mas é o mentor do assalto à Casa da Moeda. O Ministério Público Federal indiciou o diretor do The Intercept como participante e mentor do crime de invasão à privacidade de procuradores da operação Lava-Jato, o norte-americano Glenn Greenwald, mais conhecido como Verdewaldo. Bastou que isso acontecesse para que todas as lideranças nacionais do atraso e da velha política bradassem: “isto é um ataque à Liberdade de Imprensa”.



Sou Repórter há mais de 40 anos, já trabalhei em todos os tipos de veículos da mídia e, nas últimas 2 décadas estou bastante focado em conteúdo digital e internet. Graças a isso aprendi ao longo de uma vida de trabalho a separar e discernir o que é “Jornalismo Investigativo” do que é “Invasão à Privacidade”. Cito um exemplo de simples compreensão para entender esta diferença nestes novos caminhos do mundo digital conectado. Se eu contratar “hackers” para entrarem no celular de uma celebridade bonitinha e divulgar o conteúdo subtraído, sem informar nem obter autorização da(o) proprietária(o), isto é “Jornalismo Investigativo” ou “Invasão de Privacidade”? A resposta parece óbvia e em função de isto já ter ocorrido e prejudicado a imagem da celebridade atingida é que foi criada a Lei Carolina Dieckmann, Lei nº 12.737/12, que veio acrescentar ao Artigo 154-A do Código Penal, dispositivos legais que tipificam delitos cibernéticos. Desde então, invadir sem autorização do proprietário, celular ou computador conectado, ou não, às redes foi criminalizado.

 

Não há, portanto, qualquer cerceamento à liberdade de imprensa, já que o mentor do roubo, mesmo que não pegue em armas, seja participante e responsável, tanto quanto o Professor Salva é o criminoso mor no assalto à Casa de Papel. Verdewaldo assumiu este papel, no caso do roubo das conversas entre o Juiz Sérgio Moro e os procuradores da operação Lava-Jato, entre eles Deltan Dallagnol. O delito é previsto no Código Penal e o americano pode sim, ser indiciado pelo MP e caberá à Justiça decidir qual a pena por roubar conteúdo digital e o divulgar sem licença, causando danos a reputações de pessoas ilibadas. Ciao, Bella